quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

- daquelas...



Sou daquelas politicamente incorretas que bebem Coca e fumam um cigarro ao acordar.
Que consultam o horóscopo para dar risada do redator e que vão a cartomante para saber os números do próximo concurso da Mega Sena.

Sou daquelas que bebem café em copo de requeijão, mas que não dispensam um guardanapo à mesa, e que se apresentam ao garçom a fim de receber tratamento personalizado.
Que chamam cupcake de bolinho, e bolinho de 'bolim de mi'.

Sou daquelas que vão ao shopping com o percurso mentalmente traçado por faltar-lhes paciência para disputarem espaço na escada-rolante com crianças e suas peraltices.
Que não atualizam o antivírus porque curtem uma adrenalina e que param o relógio do micro-ondas a um segundo do fim para mostrarem quem manda.

Sou daquelas que entregam-se no/para o relacionamento, sem falsos pudores e reservas no sentir. 
Que esperam um SMS pela manhã com um qualquer-coisa-dito para sentirem-se e ao outro, dentro e próximo de si.

Sou daquelas que fazem reserva de maquiagem e de absorventes, e que esquecem de trocar a escova de dentes a cada... a cada quando mesmo? 
Que usam esmalte vermelho para descombinar com o tom da renda nas unhas dos pés.

Sou daquelas que retornaram a Oftalmo pedir uma receita para óculos após realizar  -com sucesso!- a corretiva a laser, por puro saudosismo de enxergar o mundo entre-vidros e sem reflexos. 
Que pretendem tatuar a pele para descansarem o espírito.

Sou daquelas que preferem a qualidade a quantidade de amigos, que rejeitam ligações para fazer um charme, que os bloqueiam nas redes sociais para salvar a relação do tédio, e que, depois, queixam-se - MIMIMI- de abandono e saudades. 
Que quando os encontra, abraçam longa e silentemente, para levar na roupa o seu cheirinho e, no coração, um seu pedacinho.

Sou daquelas que abominam 'inhos e que se contradizem para provar que na vida não há verdades.
Que falam uma palavra equivocada só para verificarem se o outro está realmente atencioso e/ou xecar a quantas andas o seu relacionamento com o bom vernáculo e se em consonância com o léxico pátrio. E, mais: que permitem-se usar o fuck de um palavrão para descontrair, desestressar ou por serem boca-porca mesmo.

Sou daquelas que não curtem cinema por preferirem dormir de conchinha com o seu travesseiro, que ligam a televisão somente aos sábados e que não lêem e-mails. 
Que permitem-se ouvir Chico seguido por um sertanejo de raiz, sambam uma com o Arlindo e cantarolam Marisa ao final. E que seguem odiando Axé e desejosas por aprenderem Forró.

Sou daquelas sempre prontas para o debate de ideias e que rendem-se nas DR's por não acreditarem em ganhadores e perdedores. E ppor preguiça, também.
Que discutem futebol, política e religião, porém recusam discutir o direito. 

Sou daquelas que se encantam por covinhas, diastemas e piscadelas de quaisquer gêneros. 
Que preferem cachorros a gatos para maldizê-los com as amigas numa rodada de chopp e terem lembranças para esquecerem.

Sou daquelas que vestem branco em enterros e calçam rasteirinha na balada. 
Que não usam relógios para sentirem-se livres, e, se caso o usassem, seria no punho direito para chocarem a sociedade.

Sou daquelas que tem aversão ao calor e a molharem os pés na chuva. 
Que riem mentalmente de uma piada infame somente para não dar ao outro o sentimento de vitória.

Sou daquelas que sorriem diante de uma biblioteca e choram no interior de uma livraria por não ter limite no  cartão de crédito para arcarem com as obras desejáveis. 
Que todo fim de ano vão às bancas verificarem se ainda comercializam o 'Almanacão da Turma da Mônica'.

Sou daquelas que trabalham no que gostam, mesmo não auferindo ganhos à altura da sua dedicação.
Que acredita que somos o que sentimos e o que pensamos; sermos o que fazemos é um cruel engano.

Sou daquelas que enviam mensagens para os destinatários trocados de mesma inicial. 
Que tem preguiça de consultar manuais de instrução para novas tecnologias, acreditando que tais poderiam ser disponibilizados no You Tube.

Sou daquelas que assistem suas amigas casarem-se e tornarem-se além de amigas, Mães. 
Que sentem 0,001% de ciúmes dos seus rebentos por agora assumirem papel de destaque em suas vidas, antes, pretenciosamente por mim ocupado.

Sou daquelas que acreditam no poder da fé humana e na ciência de Deus. 
Que acreditam no Amor, suas variantes, e variáveis, e variedades. E que desejam parir filhos e morrerem após avós.


L.C.


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