Hoje fui fazer padaria. Entro com minha Coca fifiti centis na mão, dou uma olhada panorâmica no balcão de guloseimas e descubro que nada ali me agrada. Nada de novo. Sento-me e assisto aos lances finais da vitória da equipe da Espanha sob Portugal, com o singelo placar de 1 a 0. Copa do Mundo/2010. Imagino que as lágrimas de Cristiano Ronaldo devam sem verde-neon-placa-de-motel. Rio. Após um tempo, não mais que alguns minutos, outra Coca e dessa vez, para acompanhá-la, um Doritos Chilli Sweet. Relembro que adoro pimenta; redescubro que qualquer variável do açúcar me apetece. Guardanapo limpam os últimos véstígios do lanchinho sem-vergonha e, finalmente, rumo às compras: mussarela, peito de peru, pães, requeijão e...
...e eis que surge um homem, no alto de seus 1,80m, camisa listrada de forma horizontal nas cores branca e vermelha, calça jeans surrada mas com estilo, uma barriguinha saliente porém charmosa, e, Ó.B.V.I.O, uma aliança enorme, a saltar aos olhos, dourada e reluzente na mão esquerda. Sim, porque se não gay, casado será, certeza! Os cabelos eram lisos, num corte dos do tipo "sou boy e tenho 16", barba feita, com aquela sombra tonalidade azul que... uiii... e, no alto do meu fascínio, escuto "- Pai, empada é salgado frito ou assado?". Degraça pouca, é bobage, minha tiuria. A amadinha deve ter seus cinco anos, e não tem a beleza do pai #prontofalei. Ele responde, com toda a educação que se espera dos homens belos e charmosos; ela se inclina a comer uma empada e, para quebrar o encanto, novamente "- Pai [ôoo menina cha-ta a a a, com équio!], posso pegar um Nescau daquela embalagem nova?". Ele, mais uma vez, com toda a educação já confirmada, e, dessa vez, com uma dose de carinho que me causou um misto de inveja e um quase tesão, consente. E eu conSINTO arrepios, imaginando aquele homem "fazendo" a menina-da-empada-e-do-Nescau-em-nova-embalagem. Mais uiii, muito mais...
Quando a atendente pergunta-me se desejo algo mais, volto à vida real, digo 'não, obg' e rumo ao caixa. Coca Zero 2ls numa mão, Kibon Receitas Caseiras na outra, eis que ouço uma voz chamar "- Amorrrr..." JURO. Eu olhei, pensando/respondendo "- oe...". SÉRIO. Acreditei que fosse comigo! Eu ri do meu ridículo. Baixinho, claro. Peguei a notinha e saí, antes que aquele homem e a filha-da-empada-e-do-Nescau-em-nova-embalagem terminassem suas compras. E antes que o último zaz de vergonha alheia me fizesse tropeçar no primeiro degrau da padaria.
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