domingo, 27 de abril de 2014

- é.

e mesmo quando eu te entregar
meu corpo, meu sono, meu sexo
e partilhar de toda intimidade
insegurança e vontades
e mesmo quando eu te doar
meu riso, meu ritmo, meu brilho
e enfrentar braços dados
todas as curvas e perigos da vida
e mesmo quando eu te jurar
o meu amor incondicional
e dividir contigo os segredos
as artimanhas e o peso do dia a dia
entenda: ainda assim serei minha

['grazi' - Feminismo Poético]

"Eu só queria um amor que acendesse em mim exuberâncias novas." - Marla de Queiroz


“Recente, inumana, inexprimível, costuro o infinito sobre o peito como aqueles que amam.” - Hilda Hilst


terça-feira, 15 de abril de 2014

- porque "o amor é tão longe..."

"Tudo que ela diz não é tudo que ela quis dizer. Eu juro. Eu sei. Não sei o que ela quis dizer, mas sei que havia mais do que aquelas tantas letras, embaladas por expressões como na-verdade, de-fato e pequenas olhadas pra cima como se mirar ao alto a fizesse pensar melhor numa resposta, pergunta ou explicação qualquer sobre o dia a dia. Eu adoro falar sobre seu dia. Aquela aula chata que ela só lembra das duas primeiras frases porque depois ficou viajando – pensando em mim, talvez –, mas ela nunca assumiria isso. Ela diz que não entendia nada e que ficou divagando sobre aprender francês ou não, se pagou a conta do celular e já que deixou a toalha molhada em cima da cama, eu possa reclamar quando nos encontrarmos novamente. Por fim, ela sempre dá um jeito de pensar em mim. Eu sei. Mulheres são assim. Empolgadas em ser dois (ou duas). Ela não é romântica, não escreve bilhetinhos fofos, nem me presenteia com chocolates em forma de coração. Mas me recita poemas mudos ao me fazer carinhos na nuca, sabe? E quando se esforça em acertar só para não haver mais brigas comuns, mais discussões bestas e beira se castrar só para não ser tão simpática com esses caras que pensam que mulheres só sorriem quando há algum interesse carnal ou coisa do tipo. Ela é perfeita pra mim – e pra tantos outros – que eu até me perco de tanto pensar nela. Quisera eu saber tudo que ela diz." - Hugo Rodrigues


segunda-feira, 7 de abril de 2014

- da Marla:



É por uma verdade íntima que eu te amo, 
Estranho.
Porque não há como desobedecer ao amor.
Portanto, eu te amo na penumbra,
soterrando o sentimento com explicações diversas.
E, a cada dia em que me calo, disfarço e me desfaço
do que há pulsando vivo aqui,
mas confranjo o meu coração
porque estreito o peito.
É de uma verdade crua esse meu amor, 
Estranho.
E escondo tua existência atrás dos pensamentos
que para te ter perto
me atiram longe.
Congelo em silêncio tua imagem,
mas minimizo rápido o teu sorriso-tela
como quem mancha os dedos
na tinta fresca do desejo
E, por medo de uma possível rejeição,
desfigura toda a aquarela.