terça-feira, 15 de abril de 2014
"Tudo que ela diz não é tudo que ela quis dizer. Eu juro. Eu sei. Não sei o que ela quis dizer, mas sei que havia mais do que aquelas tantas letras, embaladas por expressões como na-verdade, de-fato e pequenas olhadas pra cima como se mirar ao alto a fizesse pensar melhor numa resposta, pergunta ou explicação qualquer sobre o dia a dia. Eu adoro falar sobre seu dia. Aquela aula chata que ela só lembra das duas primeiras frases porque depois ficou viajando – pensando em mim, talvez –, mas ela nunca assumiria isso. Ela diz que não entendia nada e que ficou divagando sobre aprender francês ou não, se pagou a conta do celular e já que deixou a toalha molhada em cima da cama, eu possa reclamar quando nos encontrarmos novamente. Por fim, ela sempre dá um jeito de pensar em mim. Eu sei. Mulheres são assim. Empolgadas em ser dois (ou duas). Ela não é romântica, não escreve bilhetinhos fofos, nem me presenteia com chocolates em forma de coração. Mas me recita poemas mudos ao me fazer carinhos na nuca, sabe? E quando se esforça em acertar só para não haver mais brigas comuns, mais discussões bestas e beira se castrar só para não ser tão simpática com esses caras que pensam que mulheres só sorriem quando há algum interesse carnal ou coisa do tipo. Ela é perfeita pra mim – e pra tantos outros – que eu até me perco de tanto pensar nela. Quisera eu saber tudo que ela diz." - Hugo Rodrigues
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