Ele tem pouco mais de trinta,
sorriso cansado,
olhar cabisbaixo.
Cor de quem não sabe o que é folga no clube há muito tempo.
Ela tem pouco mais de trinta,
sorriso tímido,
olhar disperso.
Cor de quem sabe o que é passar tardes a fio no play.
Ele tem pouco mais de quatro,
sorriso largo,
olhar desperto.
Cor de quem desce pro play, mas prefere o Play Station e seus joguinhos de morto-vivo.
Ela tem pouco mais de treze,
sorriso metalizado,
olhar maquiado.
Cor de quem passa os finais de semana se queimando com as amigas a beira da piscina olímpica do clube.
Ele tem pouco mais de meses,
sorriso desdentado e frouxo,
olhar nostágico, quando amamentado, e feroz, nos momentos de fome.
Cor de quem há pouco nasceu, alterada pela pomadinha ante assaduras.
Eles são duas gerações,
de sorrisos indecisos,
olhares confusos.
Cores alternadas entre o nascer, o viver e a sobrevida.
Eles não são, mas poderiam ser.
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