é o jeito de lançar os cabelos.ou seriam as pestanas sempre alongadas, a registrarem um a um os seus movimentos?
é o tom de voz adaptado para aquilo que a agrada/desagrada, vez agudo, ora rouco.
é uma palavra que só consegue ouvir quando for ela quem a pronuncia.
são frases desconexas, ditas sem pudor, aos bravos, com direito a dedo indicador em riste.
são orações que lembram mantras de tão suaves que são, ecoando dentro de si com liberdade.
era aquela cor lilás que a tornava ainda mais fêmea.
não, era aquela tonalidade mais formal, que movia o seu desejo em descobrí-la.
eram os sapatos de saltos, que de tão altos, causavam-lhe o receio de um tropeço.
eram as sardas a espalharem-se pelo corpo.os dedos das mãos, longos e agitados.
o cruzar de pernas mais tentador e cheio de pudores que já conheceu.
é o sexo, ávido por uma nova noite de trocas de toques, e vozes, e sentimentos.
é o dormir acompanhado, sem precisar do elemento conchinha para se sentirem mais próximos.
era ela abrir a cortina e dizer um 'bom dia' irritante ante a claridade, mas contageante por representar mais um dia em sua companhia.
seriam os filhos que haveriam de ter nos próximos anos.
e o amor, a desavença e todo o resto que fatalmente acarretaria.
seria a descoberta que além de amantes eram educadores.
serão avós a esperar com ansiedade o sábado a noite.avós que defenderiam netos quase indefensáveis.
serão netos a amar aqueles avós, e toda a história de um amor que ele não se cansaria de rememorar.
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porque eu ainda me atrevo a falar sobre o AMOR...
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