quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

sobre quem ama e o pouco importar quem é quem...

mediram-se através dos olhares que a ambos filmavam.
Ele sentiu novamente aquele cheiro de água de banho, enquanto ela, o cheiro do macho a suar de desejo.
Arrepiaram-se como quando se conheceram naquela noite sem lua. Noite em que estrelas cruzavam o céu, e em cada uma o mesmo pedido se repetia:
- amor, quero um amor, amor, preciso de um amor, amor...
Ela teve os lábios arderem, enquanto ele, os lábios partilharem de uma docilidade e calmaria nunca antes sentidas.
Com as mãos se conheceram. Se buscaram, se perceberam, conquistaram e se perderam. Eram amáveis, as dela, e mais de duas certamente ele tivera.
Afora o cheiro, o sabor, o toque, havia toda uma atmosfera a conspirar para aquela sinestesia de gentes.
Havia também uma valsinha antiga, que fazia despertar um convite.
Ela, um convite para que pudesse demonstrar a beleza dos passos de ballet, uma herança na mais tenra idade, a girar pelo salão em brilho. Ele, um convite - aceito - para conhecer o seu apartamento naquele fim de noite.
Então, nada mais se fazia preciso, tudo era de todo precioso.


Ele era homem. Ela, também. Caso eu os tivesse identificado no início, podia não configurar o amor, mas sim, emergir o preconceito.
E sim, em ambos havia amor.
E quanto a isso ninguém ousava duvidar.



Lívia =]



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