quarta-feira, 4 de maio de 2011

da [nova] série: " depoimentos de amor..."



Ela sempre me encara de um jeito absurdamente feliz. Olhos cativos, densos mas generosos. Revela aquela inocência maliciosa, sweet mistério... 
No passado, na primeira sua piscadela me atrevi, na segunda, me rendi, e na terceira ah, me deixei levar... e apaixonado fiquei! Estou. Sou. E ao que me parece, tão cedo não há de mudar esse estado civil do meu coração.

Por ela aprendi o real significado da palavra cafona. Ouço as músicas que ela gostar, se brejeiras, se melôs para requebrados, ou mesmo canções de ninar, ela, gostando, eu passo a gostar ainda mais, somente porque imagino que tais canções embalam as suas horas. E, para ser bem franco, delas tenho ciúmes, afinal, não consigo fazer-me tão presente e despertar as mesmas sensações que provocam. Nas roupas também me adaptei. Ela dita a minha tendência, e eu nem contesto. O que realmente importa é estar em sua companhia, se vestido com bermudas floridas, camisas sociais ou cuecas sem furos, para mim pouco importa a aparência. A mensagem que quero passar com meu figurino é que estou realizado ao lado de alguém que me completa. A mim e ao meu guarda-roupas.

Caso pudesse, eu dela não me separava. Feito carrapato-estrela quando apanha a sua vítima no curral da casa da vó e fica ali dias e dias, até ser notado. Suga alimento e causa coceirinha gostosa quando retirado. A coceirinha se prolonga por ainda um bom tempo, até ser esquecida, para numa próxima aventura no curral, novo carrapato-estrela ser acolhido. Ah, como eu queria ter nascido todos os seus carrapatinhos-estrela... 

Às vezes sinto que sufoco. Asfixia de amor não mata, alivia -, eu retruco. Ela ri novamente com os olhos. Uma risadinha irônica, mais do mesmo. 
Ela diz, em tom ameaçador, que precisamos sentir saudades um do outro. Eu não me convenço, não me rendo fácil. Minhas imaginação não audacia passar um dia sem senti-la. 
Com ela quero compartilhar a eternidade. Quisera eu morrer sufocado pela fragrância do seu amor... No céu faria nuvem fofinha a sua espera. Sim, porque não quero crer que vá falecer antes dela. Seria dor de fel. 

Calculo nossos três filhos a correrem pelo quintal, disputando a posse da bola. Ela estaria na sala, a tingir as unhas de cor estranha, mas que nela reconheceria a beleza da estranheza. 
Ela a fazer as unhas, eu na cozinha, cozinhando a massa do nhoque e lavando a acelga para o almoço, com meu melhor tempero: contentamento! Seria a vida que um dia projetei!

Márcio - 32 anos, projetista mecânico, apaixonado.


Lívia 

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