sim. tem sido realmente estranho. os beijos, os encontros e os desencontros. as buscas, as perguntas e as respostas. as cartas que andei assinando para ver se silencio um pouco da angústia que vive em mim. uma angústia de viver hoje um pouco do amanhã. essa angústia que tanto tira o fôlego como me coloca para respirar. ou então mergulhar ainda mais fundo.
viver tem sido estranho. é que o amor não compreende mais os nossos anseios vespertinos. a liberdade é uma promessa que nos prende em uma busca injustificada. não sou feliz sozinho. mas também nunca encontrei a felicidade de um amor tranquilo.
porque amar só foi bom, até agora, quando a tormenta dobrou meu barco. quando não tive para onde ir. quando o tempo tirou minha âncora, minhas certezas, meus planos e objetivos sinceros e calculados. quando me senti um marinheiro só, perdido no vazio da noite, mas com a certeza quente e reconfortante de que alguém estava me esperando lá atrás no porto.
mas agora eu aprendi a partir - a despedir e a chegar. e não me sinto mais um estranho, no meio de um mundo tão... estranho. conforme disse o professor Thompson, "quando as coisas viram estranhas, o estranho vira profissional". Hoje, com toda modéstia, eu sou sim um profissional nesta arte de estranhar o Vento.
Mas isso é longe de ser um fim. Agora eu estou na estrada. E agora eu sei voar. Continuo vivo, leve e solto. Escrevendo coordenadas e inventando direções. Jornalismo e poesia. Amor e medo.
Se os tempos agora estão realmente estranhos, é bom que a gente saiba por onde caminhar.
Bernardo Biagioni
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