segunda-feira, 14 de maio de 2012

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Seu olhar – vitrine dos meus melhores dias. 
Fica, eu digo. Me ajuda a matar o tempo até a luz voltar. 
Fica e come da minha comida. Pelo menos até a chuva acabar de cair. 
Deu agora na televisão que a cidade está debaixo d’água, mandaram ninguém se mexer. Consegue? Tenta, vai. 
Empresto uma toalha, uma camiseta G, um par de meias e a minha boca quente. 
Você já bateu recorde de permanência, de toda maneira. 
Vamos lá, fica, na minha geladeira tem o resto de um frango de padaria, a gente abre um vinho bom. Juro fazer rolinhos na sua franja até você pegar no sono.

Aí você gasta um de seus preciosos sins e deixa pra depois mais um daqueles seus adeus, que, aliás, tem de sobra na sua bolsa de pano, sempre à mão, para casos de emergência. E eu me pergunto: você vai ficar porque está chovendo, ou está chovendo porque você vai ficar? 

Tanto faz. Se eu bem te conheço, basta me despedir usando a tática do me-liga-qualquer-coisa. 
Foi assim, desse jeito, que até hoje nenhum dos seus adeus durou para sempre. 

Gabito Nunes 

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