domingo, 9 de setembro de 2012
Oração ao Velho Amor
Porque te peço, Senhor, que aqueles velhos olhos não esqueçam a primeira vez em que trocamos para além de olhares, cumplicidade.
Que ele se recorde do nosso primeiro beijo perfumado pelo café. E de todos os seguintes perfumados pelo amor.
Que aquela voz, antes firme, hoje porém de timbres fragilizados, balbuciem o meu prenome, ainda que não alcance o nosso nome como casados.
Das nossas muitas dificuldades, e da nossa parceria em vencê-las uma a uma.
Das nossas alegrias, seguidas por todos os nossos merecidos sorrisos.
Que aquelas mãos trêmulas recordem dos toques, afagos e do balançar do berço das crianças.
Recorde do troféu recebido pelo terceiro lugar no judô do primogênito. E do murmurar da caçula quando da sua primeira decepção de amor. Do uivo do Totó em dias de lua cheia. E do ruído do motor do carro a quebrar na viagem de fim de ano para Niterói.
Que ele não se permita esquecer da emoção sentida na formatura do seu judoca. E de como a sua pequena estava radiante vestida de noiva!
De como sabemos discutir política, futebol e religião sem brigas. Das palavras-cruzadas a dois. Dos primeiros fios brancos de cabelo, e da melhor invenção humana em forma de comprimido azul. Hihihi...
Que não se esqueça que juramos adoecermos de males que tenham cura. E que se assim não possa ser, cada um a seu tempo, para ele cuidar de mim, e eu cuidar dele.
E, em não havendo a eternidade, que ele não se esqueça, ó Senhor, da jura que fizemos de um esperar pelo outro seja lá onde for.
Amém.
- E então chorou, quando por fim só lhe restou o último suspiro do seu amor.
L.C.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário