Traças sinais cabalísticos no ar e dizes coisas, Sacerdotisa de Nada,
lançando profecias como quem lança milho às galinhas.
A cabeça sempre um pouco baixa, para disfarçar a arrogância de ter
sido A Grande Escolhida. Porca, porca, porca.
Cumpres com humildade tua Amarga Sina De Ser Assim Abnegadamente
Superior. E te melas toda no visgo das estrelas, te encharcas de visões
equivocadas.
Depois procuras o ponto de fogo entre as coxas, e só então suspiras,
aliviada de tanta santidade.
Ainda continuas? Pára, te ordeno. Não tens esse direito.
Há mais. Onde? Tenho todos os direitos, só não suporto nenhum.
Como discipliná-los, agora? Pensei que se conseguisse estaria livre.
Pensei que se denunciasse a perdição deles me livraria da minha.
Agora também me perdi.
Destinos, anúncios luminosos.
Faz um esforço, vamos.
Apunhala, grita, arremata.
Xangô te guia, machado em riste.
"Triângulo das Águas", Caio
Fernando Abreu.
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