No
instante que me iludo, é quando você me esquece. Quando volto à tona, você
mergulha nos meus olhos. Se eu te roubo rosas vermelhas, você faz
"bem-me-quer". Quando hesito, é quando você já está na estrada.
Se
me perco no teu beijo, você fica tentando encontrar um caminho. Quando me encho
de receio, você me diz estar pronta. Eu te ponho em xeque-mate, você me diz que
cansou de jogar. Quando não quero me machucar, você me telefona no meio da
noite.
Eu
vejo o sol nascer no mar, você se preocupa em não molhar os pés. Quando eu não
durmo, é quando você sonha loucuras sobre nós dois. Quando sinto teu gosto na
minha boca, você pede economia nos clichês. Se não quero parecer patético, você
se diz um poema apaixonado.
Eu
quero parar o tempo, você procura seu relógio embaixo da cama. Quando me
escondo, é quando você me quer em cima de você. Se apresso meu passo na sua
direção, você engata a marcha ré. Quando reuno meus pedaços, você dá o coração
para bater.
Eu
deito no seu colo, você se preocupa em fechar a janela. Quando me poupo, é o
instante que você se dá de graça. Se ando em alta velocidade, você conta os
níqueis pro pedágio. Eu perco as chaves, você insinua mudar pro meu
apartamento.
Um
amor físico, fatídico, real, raro e patente. Um amor que nasceu, mas nunca
viveu. Um amor que aconteceu, mas não foi ocupado. Daquelas comédias românticas
que ninguém tem tempo de rir, pois já começa pelo final.
Os amores mais bonitos
são aqueles que nunca foram usados.
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