Então me vens e me chega e me invades e me
tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre
fugitivos e abres a boca para libertar novas histórias e outra vez me completo
assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim
calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com
lenta delicadeza deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que
nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque assim
que és...
Caio Fernando Abreu
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