Mereço o Kikito de Ouro quando atuo com indiferença,
num "tô nem aí para você, também, beibe!".
Na verdade, sofro de arrepios quando ele chega despojado, um tanto irresponsável,
que é bem o seu tipo. E seu tipo mesmo, qual é? Resposta: mulher!
"Querer" eleito como o verbo do momento, quero tu, queres eu.
Finja não querer, tá proposto o desafio!
Ah... não faça bico, não faça charme, não faça alarde, porque te furto inteiro, moço!
Desalinho sua vida com toda a calma que não a tenho.
Sinta o perigo: te cerco na esquina da rua escura e te desfaço nu frente ao meu desejo. Percorro as retas do seu corpo moreno com as curvas do meu paladar.
Levo comigo o seu destempero e ainda sequestro o brilho do seu melhor olhar.
Sem pedido de resgate, sugiro a impunidade.
Não fossem seus asteriscos, suas ressalvas, suas cientificidades e reflexões, eu o rejeitaria como a outros. Espero você se desfazer, descontruir-se, sucumbir sua energia, e vir até a mim, menino, queixoso do brigadeiro ponto de colher.
Trate como vil-vingança por tantas vezes em que você me atropela e dispara em fuga.
Me pilha, me ressente e me desanda. Me deixa em desalinho, a suar frio, tanto na sua presença como nas suas distâncias.
Tracemos um plano: se tudo que sentimos for ledo engano, o erro do ano, que descubramos devagarinho, pouco a pouco, fio a fio do novelo de aço.
É que nossa história foi escrita às avessas, idiomas obsoletos, tentativa vã de um não-encontrarem-se. Ocorre que somos dois incertos, percorremos labirintos escusos na contramão do universo.
É na bifurcação que nossas linhas se oblicam.
E ainda na execução do meu crime, aponto o muro escuro como sendo o local em que te deixarei manso e trêmulo,
após atuarem mãos,
peitos,
pélvis
e seu sexo a se agigantar dentro do meu esconderijo.
Nessa hora que você precisa provar o seu [auto]controle no coito interrompido, beibe, quando faltar-lhe o preservativo. Ok, hoje sem reservas, quero que "tu me preservas".
Estando com você proponho a divisão do meu amanhã incerto.
Ainda não há o amor, planejamos a paixão então.
Olvido esse presente morno e estúpido, para dias frios com início as doze e noites febris após [suas] zero horas.
Conjugue no plural: sejamos?
Não se acanhe!
Dizem os dramaturgos que os maiores romances se acertam nos enganos.
L.C.
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