O amor
causa-me horror; é abandono,
Intimidade...
Não sei ser
inconsciente
E tenho para
tudo (...)
A consciência,
o pensamento aberto
Tornando-o
impossível.
E eu tenho do
alto orgulho a timidez
E sinto horror
a abrir o ser a alguém,
A confiar
nalguém. Horror eu sinto
A que
perscrute alguém, ou levemente
Ou não,
quaisquer recantos do meu ser.
Abandonar-me
em braços nus e belos
(Inda que
deles o amor viesse)
No conceber do
todo me horroriza;
Seria violar
meu ser profundo,
Aproximar-me muito
de outros homens.
Uma nudez
qualquer - espírito ou corpo -
Horroriza-me:
acostumei-me cedo
Nos
despimentos do meu ser
A fixar olhos
pudicos, conscientes
Do mais.
Pensar em dizer - "amo-te"
E
"amo-te" só - só isto, me angustia.
Fernando
Pessoa
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