Não é porque seus olhos faiscam de tão encantados (e encantadores).
Não é porque numa única noite marginal, tratados assuntos marginais, seguimos com uma Amizade marginal, às voltas com nossas marginalidades.
Não é porque nos prometemos Amores, tendo eu já honrado com tal promessa. Oi? Há!
Não.
O Eduardo vai além, e foi além com o Ao mar ou amar?, reproduzido do (In)Certo Encontro [mais aqui]. A nossa sintonia está tão em dia que, sem saber de na-da! do que se passa, ele reduziu a termo todo o meu silêncio...
E, assim, a Literatura, franciscana, atira-o para o mar da Psicologia. A Psicologia, altruísta, devolve-o para as areias da Literatura.
Nesse vai-e-vem, não há dúvidas: Amado será por qualquer terra ou mar em que se aventurar, Dudu!
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
Ao mar ou amar?
Afinal de contas, me pergunto intrigado, que espera alguém que determina o fim ainda antes do começo? Por que se dispõe a ir a lugares se ao fim da rota o destino é sempre voltar atrás? O que pretendem esses "aventureiros" que dizem se lançar ao mundo e à liberdade, mas estão presos aos seus mapas?
Me pergunto ainda o porque destes corações serem colocados no lugar mais nobre. O que os fazem figurar no topo do anseio dos corações atuais? O que sei é que pobres então, são aqueles corações estranhos a esses. Corações admiráveis de seres de olhos abertos e atentos. Andantes, quase sempre solitários, pedintes de amor e orientados pela verdade. Aventureiros natos, mas quebrados pela raridade de encontros reais. Em seus caminhos cansam-se de esbarrar com um mar inundado dos corações primeiros, que julgam que tomar a si próprios é determinar os rumos, sem saber que seu controle é quase sempre falho. Estes, ainda assim, são sedutores - não natos - facilitados por sua falta de implicação diante das coisas, e por sua suposta liberdade, que mesmo às avessas, alcança e encanta os pobres corações marginais. Impressiona ainda mais o modo como, com a mesma facilidade, se presentificam apaixonantes e então desaparecem. Pretextos não faltam: Simplesmente não deu certo, afastamento ocorrido “de forma natural”, que se pode fazer? As coisas são assim. Bem vindos à natureza inventada dos corações contemporâneos, feitos dos mesmos materiais "naturais" dos prédios que prometem segurança e se tornam prisões, e das mídias que asseguram proximidade e só fazem afastar.
Para os corações estranhos, natural é reconhecer e se entregar, se deixar levar pela beleza do que se viu. É respirar os ares de um fim que não se domina, mas que se quer chegar a tocar em plenitude. Naturais são os olhares se firmarem ou se afastarem, são as conversas fluírem ou simplesmente não, são os beijos se entrelaçarem ou darem nós. Natural não é encantar e fugir, ver beleza e deixar pra lá, vislumbrar sim e fazer-se não. E cá estou eu a me perguntar novamente: Que querem estes corações que constroem pontes para não serem atravessadas? O que querem em suas aventuras - inventadas e sem destino - de mesmo roteiro em todas as viagens? Qual é a graça de saber o fim e tomar o rumo a fim de, simploriamente conferir? Aventureiros, para mim, são os corações estranhos que não determinam rotas, que as reconhecem ao longo do caminho e então as seguem. Eles sim descobrem o mundo sem o mapear, se deixam surpreender e permitem que a verdade se os apresente.
Ah! Mas estes estranhos corações se partem com extrema frequência e, por vezes, derramam-se em lágrimas. Meu alento é que estas lágrimas destes corações que estão à margem, se derramam sobre o mar, e são aviso de que estão ali, ainda que quebrados, dispostos a quem ousar com eles descobrir novas rotas. (A mar)gem é a salvação dos perdidos ao mar. Portanto, aventureiros natos, se souberem esperar sua hora, seus corações hão de deixar de ser estranhos. De seus barrancos marginais, fazei portos e sê horizonte para aqueles tantos barcos, pseudo-aventureiros que furaram e que ainda vão furar - estes, assim como seus corações, também se quebram.
Não mais estranhos corações, suas aventuras começam aqui: quando todo coração, viajante sem rumo, em um cais vem se abrigar.
Não mais estranhos corações, suas aventuras começam aqui: quando todo coração, viajante sem rumo, em um cais vem se abrigar.
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