Confesso que bebi além da conta, mas, e daí? Quem nunca bebeu, amou, acreditou, pensou, agiu, falou, calou ou errou, além da conta? Quem de nós está imune à constante incompreensão dos limites? Quem de nós, ao menos uma vez, foi capaz de descobrir o que existe depois do muro sem nunca tê-lo ultrapassado? Quem de nós foi capaz de acreditar na existência da consequência sem,
por curiosidade, desatenção ou displicência, precisar marcar um encontro arriscado com a causa?
Fui obrigado a sentir o gosto do sangue para saber que precisava aprender a desviar do murro. Precisei conhecer alguns Judas para descobrir que poucas juras são realmente verdadeiras. Para entender que os dizeres, por mais belos que pareçam, podem não passar de mentiras, algumas vezes, tive que esbarrar em beijos inescrupulosos e com a boca de quem amava na boca de sabe-se lá quem. Mas, se quer saber, e daí? Depois de vomitar até me desfazer da última tripa, de chorar até perder a última lágrima e de sangrar até secar a última veia, percebi que o coração não sai pela boca. Nunca.
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