sábado, 25 de janeiro de 2014
"Eu nunca saberia decidir entre enfiar de cara, enfiar a cara, deixa pra lá, fazer de conta, dar uma de espertinha e difícil. Porcamente, entrego o coração, chave de casa, o controle remoto. Não nasci para o difícil. Sinto, logo digo. Em seguida me ferro. Parece escrito na testa. Nem consigo testar hipóteses ou usar qualquer palavra torta. Não faço interface com a sutileza. Nem brinco de estereótipos, tampouco faço biquinhos e cara de Maria mal amada. Se for pra entregar os pontos, deixa comigo! Faço cara exclamativa, boca pedinte, olhar brilhante e um sorriso do tamanho do infinito. Meu crime é deixar as claras todas as minhas segundas, terceiras e últimas intenções. Alguém, um dia me disse que isso é ingenuidade. Prefiro acreditar que sou larga de afetos. Que em matéria de sentimentos não escondo o que é absolutamente útil e nem hesito em entregar de bandeja o melhor de mim. Azar, sorte? Cultivo em profusão o que pode ser considerado o perfil de uma romântica inveterada doidinha pra declarar seu status. Não tenho lance casual. Tenho uma falha miserável por deixar à vista todos os meus refrões apaixonados. Lamento muito. Meu palavreado. Meu olhar. Minha postura, me dedura. Quem sabe um dia eu aprenda a esconder meus sonetos de amor. Nesse dia, tornar-me-ei rica, influente, admirável e bem-sucedida. Resta esperar." - Ita Portugal
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