sábado, 29 de março de 2014

"Havia verdade no olhar. Então eu disse que aquele era um dos melhores papos sobre nada importante que eu já tinha tido. Ela gostou. Sei que gostou porque riu. E quando ela riu, me entreguei àquela covinha. Já havia clima. Já tocava o som. Já tínhamos nos conhecido pela mão. Quanto à boca, eu conto o que fiz: beijei segurando o queixo. Ela apoiou as mãos na minha nuca. Beijei interessado na alma. A pele era macia; ok, mas foram aquelas línguas que entregaram tudo. Entregaram em que ponto da vida estávamos: desejo pelas ideias; pelo que diz; pelo que faz. Não que beleza não conte, conta, mas fico tonto é com as palavras. Com mulher que arrisca. Que ousa. Que muda. Que surta, mas pede – se preciso – desculpa. E ela é assim. Trouxe um outro blues, uma coisa mais puxada pro jazz e talz. Impossível não querer. Eu quero mais. Eu quero essa mulher me querendo demais. Quanto a mim, não preciso dizer nada. Só ler isso. Assim, a gente vai ter um desses amores que viram livro. E todo mundo vai achar mentirinha, ficção. Maior engano. Vai ser o retrato de uma raríssima paixão; do homem e da mulher que demoraram pra soltar as mãos." - Fábio Chap


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