Quem me conhece sabe que eu não sou normal. Normalidade conforme os parâmetros ditos normais e estabelecidos por convenções sociais normais. Que vou do amor descabido ao ódio mortal em uma aspirada. Que o meu estado de humor é uma navalha cega: pode ferir com mais gravidade que a afiada conforme o seu manuseio, ao passo que, simplesmente, pode não cortar. Que falo muito, ouço muito e ironizo em demasia. E penso antes de falar, responder e ironizar quase sempre. Que falo sozinha como a quem fala com uma amigo imaginário. Que contrario todas as previsões de comportamento sob mim. Que não falo línguas, e somente à minha dedico-me. Isso por opção. Que rio das minhas desgraças na mesma medida que sofro por elas. Que prezo a liberdade. Talvez por isso abomine o preconceito. Que tenho amigos a quem muito estimo. Que sei ser (anti/sim/a)pática com muita facilidade. Que sou avessa a brigas. Que busco ser charmosa quase sempre. E que isso me sai pela culatra sempre. Que sou saudosista de algo que não vivi. Que choro e sofro por saudades reais. Que prefiro os inteligentes aos belos. Que admiro perdedores. Que temo não viver aquilo que planejo dia após dia. Que leio, e leio, e leio. Que esqueço, e esqueço, e esqueço. Que rio estranho. Que falo sobre sentimentos estranhos. Que ainda ei de fazer uma Ode a Estranheza por me considerar figura normal. E que contraria a si mesma no início e confirma a sexta linha do presente.
Quem não me conhece, prazer,
Lívia.
Quem não me conhece, prazer,
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