quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

sobre amar você...

[...] se fácil fosse, dispensaria uma maior reflexão amar-te. Isso soa como uma obviedade tanto quanto era a sua alteração de humor nas tardes de domingo e nas manhãs de quarta.

aventurei-me a descobrir como era amá-la com a mesma verdade com que você se atrapalhava com as palavras ao dizer o que gostaria de sentir em oposição ao que verdadeiramente sentia. Sobravam palavras mal empregadas - geralmente apropriadas de um ou outro escritor de renome -, risadinhas com pouca graça, e o mau uso da vírgula. Porque você não sabe usar a vírgula, amor, assim como eu não sei quando uso o ponto

insisto em entender quando foi que passamos a sentir o que para mim era amor - ou algo próximo dele - e para você era inominável, sem prenome e descendência, quase um sentimento indigente [no melhor sentido... eu acho...]. Insistia e me irritava com sua indecisão: era paixão, indiferença, amor ou aquele seu primo primeiro, o ódio? Ódio, também, e por que não? Não nos faltaram  oportunidades em sermos unidos pelo ódio. 
Saiba que só não me irrito mais porque sei que sentiu, e isso me bastou.

vencida a irritação - não posso irritar-me muito além do que você já se irritava quando estava naqueles dias femininos - pego-me a questionar o porquê de tantas desavenças e discussões acaloradas. Sim, porque discutir é atributo de um casal, só não podíamos exarcerbar nossas emoções e colocarmos fim a todo o vivido e sentido vez que sabíamos que dia mais, dia menos, estaríamos juntos novamente. Senão pelo amor, pela dor, pela solidão ou por um sei-lá-o-quê...

amor, aproveita a ocasião e me explica a razão de tantos 'sem mais'? Eu me empenho e não consigo realmente compreender. Partiram de mim, eu sei, mas alguém precisava me dizer que esses sem mais não tinham nenhuma credibilidade; ou tinham sim, porquanto geralmente vinha um algo a mais depois deles. rs' Entendeu o trocadilho? O.k., amor, eu sei que hoje é quinta e exigir uma dose de humor nesse dia é pedir para você me chamar de avenca. Podíamos acordar que não mais empregaremos - nas nossas lembranças mal furtivas - 'sem mais' e 'avenca' em nosso vocabulário de [ex]casal, concorda?
 (   ) sim   ( x ) sim

e por falar em vocabulário, vou além: por que você adquiriu esse hábito de falar em códigos? Abusava das entrelinhas, negritava-sublinhava-italicava e eu permanecia na mesma, fazendo papel de idiota, sem nada entender... Por que não falar rasgado, amor? Rasgando etiquetas comportamentais, esquecendo a educação vinda da sua mãezinha e ignorando a mesma classe usada para pintar os olhos com sombras azul-turquesa! O que eu mais desejava, amor, além do seu cheirinho, era vê-la verbalizar. Saiba que, se precisava de uma Fonoaudióloga, deveria ter me falado, amor! Seria mais uma profissional a atender as suas necessidades que eu passaria a admirar...

amor, caso faça frio, use um cachecol daquele tom rosa-bebê que têm as suas risadas e peça para fazerem novamente aquela trança. Mas, se não quiser, retorne na sua cabelereira [aquela mesma que um dia falou sobre nós] e saia de lá com dreads coloridos, pois você ficaria linda do mesmo jeito!

eu consegui amar tudo isso, sabia? Sem muito esforço, mas com algum sofrer. Aprendi muitas coisas com esse amor, isso é um fato. Outro, é você ter me feito maldizer quem lhe furtava a atenção que deveria ser toda voltada para mim. Sim, porque com você não aprendi a ser des-possessivo. Primeiramente, para que tantos 'esses', me diga?! E outra: como quer me convencer que era só minha se não mais enviava torpedos pela manhã e ao longo do dia? Se não demonstrava saudade quando me esperava chegar ligeiramente cansado do trabalho, mesmo sendo eu quem chegava em casa antes de você? O.k., já estou contradizendo os fatos outra vez. Só não poderia ter ousado me pedir menos desprendimento de VOCÊ, amor, porque isso era uma das muitas características que possuía -e ainda mantenho -, como todas as outras cultivadas quando, ainda sem muitas pretenções, trocamos confidências pelo Messenger numa quase-amizade. Além do mais, eu aceitava características suas sem denominá-las de defeitos, e assim gostaria que agisse comigo naquele tempo. Está vendo, embruteci. Seria você a minha Fiona? HAHAHA'

e seria mesmo necessário externar tudo o que sentia, amor? Tudo, tudo mesmo? Não ficaria repetitivo, cliché, anedota para o grande público, discurso demagogo, quase a beira do ridículo? 
A mesma necessidade que você teve de saber um pouco mais de mim e do que eu vivenciava quando não estava com você, se aproximava da necessidade que eu tinha de ouvir os sentimentos que você ocultava de mim, sabe? Sem invocar astros, búzios e tarô. Seu misticismo pedia um freio nessas horas. Freio também pediu essa minha pouca compreensão. Só assim, nesse acelerar-freiar,  passei a entender que um casal também se faz de segredos... Tudo bem, caso você não coadune dessa minha opinião, amor, um casal também se faz de divergências. Se fazia, se fazia, no passado, e digo sete vezes para me convencer assim como para que os dias sejam DOCES.

o que me causava dor nessa relação, era quando sob nós se abatia uma solidão a dois. Era eu estar aqui, na companhia de uma bebida qualquer, ouvindo uma música qualquer e sentindo um algo qualquer, enquanto eu poderia estar aí, ao seu lado, oferecendo a minha companhia - se preferisse, estática e silenciosa - embriagada de sentimentos que eu me recusava mesmo a dizer, só para em alguma coisa parecer-me com você! rs' 

mas, enfim, as angústias são minhas...
- simples avenca!
não, amor, sem avenca!


falo no passado e ainda sinto no presente, amor, mas sei que tivemos um fim. Um fim singularizado, atípico, assim como imagino que sejam todos os demais. E doeu, viu?! Latejou, latejou de fazer sangrar... mas agora sinto algo diferente, assim, esquisito, inominável como quando você sentia por mim. Não é de todo ruim, não é amor, nem ira, mágoa ou algo assim. Só sei que quero e preciso parar de sentir. Faz-se necessário. E com a sua falta, é o que está acontecendo, após as exclusões do plano virtual, assim como você previu.


em sendo o fim, já finda o ano, amor. O que vamos desejar  juntos - ainda que ambos estejamos separados - para esse que se inicia? Nessas horas é que eu quero ver se realmente conhece de astrologia! rs' Eu sei bem pouco sobre os astros, signos e o cinco elementos, mas o pouco que sei é que nossos destinos se cruzaram, e ainda que me doa muito afirmar o que passo a dizer agora, caso não estejamos mais unidos por um sentimento tão nobre quanto o amor, que seja pela dor de ser só um, mas com lembranças de dias ternos de amor e noites ardentes de paixão.


em sendo assim, um bom novo ano a você, amor!

_________________

não assinou, dobrou o papel azul clarinho, guardou no bolso da calça jeans que, por estar suja, recebeu água e detergente em pó na máquina de lavar.




Lívia =]

Nenhum comentário:

Postar um comentário