[...] E soube conduzir-lhe os primeiros passos. Com brevidade, assistiu aos de ballet.
Batia-lhe palmas, olhos marejados contemplavam o seu pedacinho feminino que generosamente Deus concedeu vida.
Riu de suas gracinhas, suas palavras mal pLonunciadas e seus biquinhos de manha, que não foram poucos...
E juntos choraram as noites febris, o primeiro joelho esfolado e os incontáveis galos na testa.
Afagava-lhe os cabelos - à época cacheados, e se dependesse dele para sempre assim seriam, porquanto aqueles cachos causavam-lhe o embaraço provocado pelo odor de se amar quem ainda pouco sabia ser.
Ensinou-lhe o 'desculpa', 'por favor' e o 'muito obrigada', e em vão, a Matemática.
Ela não era dada aos números. Preferia folhear os seus livros na busca por descobrir, já na mais tenra idade, o que se transformaria no amor a arte de Caio.
Enciumado ao saber de um tal primeiro amor, ignorou que a sua pequena crescia, e presenteou-lhe com a boneca dos mais coloridos laços de fita, com ela parecida; queria oportunizar-lhe ser um pouco mais criança...
E quantos não foram os balões de festa, as tardes no parquinho, os Pai Nosso ao pé da cama, os desenhos animados no sábado pela manhã e os vestidos cor de rosa...
Um sem número de vezes acobertou da mãe as suas peraltices de criança, afinal, educar também é permitir errar.
E, de repente, ela cresceu e somente seus olhos se deram conta: eram brincos estilo hippie, cores extravagantes nas unhas corroídas, oscilações frequentes de humor, extensas as contas de telefone e o tamanho dos saltos. Era a temida puberdade que se aproximava.
Sob ele se abateu a dor. Não a de vê-la sofrer com as primeiras crises de amor, mas a dor física, de uma tal doença que privaria-lhe a alegria de acompanhar o avançar do seu crescimento.
E, por isso, chorou. Certamente, muitas vezes, mas não na sua frente, afinal, precisava transmitir-lhe serenidade e a segurança de que 'haja o que houver, eu estarei sempre aqui!'.
Com o tempo, achou melhor evitarem que a sua pequena o visse partir. Sua alegria não podia respirar aquele ar fadigado e triste. Era um mal necessário. Desejava que apenas restassem as lembranças das tardes de magia, onde se fundiram luz e felicidade em aparente uma única vida.
E assim partiu...
Transformou-se em nuvenzinha abrigada no céu, perto Daquele que conferiu-lhe o prazer e a honradez de por ela ser chamado de PAI
Com todo o meu afago a Marcela Lima.
Não sei porque, mas eu chorei. Lindo texto Lívia, conseguiu me emocionar.
ResponderExcluirUm beijo!
Amanda.
Obrigada, Amanda.
ResponderExcluirA emoção sempre dá o tom às minhas publicações!
Volte mais vezes!
Um beijo!