Quero um amor que note que mudei de perfume. Que elogie o meu café amargo. Que
minta dizendo que fico magra vestindo branco. Que assista comigo uma comédia
romântica das mais diabéticas até o final, e sem vacilar em cochilar.
Quero um amor que me acalente
quando eu bebemorar algumas passagens tristes da vida. Que ame os meus amigos
tanto quanto os amo. E que os odeie tanto quanto por vezes os odeio. E que
reclame de saudade deles, apesar de tudo.
Quero um amor que pague a conta
porque sabe que estourei meu limite ao comprar aquela bolsa linda! E que a
elogie quando eu usá-la. Que entenda que aquele tom de blush não é parecido com
aquele outro, por isso devo adquirir esse novo. E que entenda que essa
teoria se aplica a tantos outros bens de consumo.
Que ria das minhas
estranhezas - sem ar de deboche -, apenas achando-as charmosas. Quero um amor que
compreenda esse meu charme estranho, muitas vezes desmedido, porquanto mal
utilizado.
Quero um amor que também entenda a minha carência e o meu ciúme.
E a minha possessividade. Que reprove os meus defeitos da forma mais delicada, na expectativa de que eu me
torne uma pessoa melhor.
Quero um amor que goste de cachorro e samambaia. E
que cuide deles quando eu for acometida pela preguiça.
Que não se importe em
ouvir a mesma música comigo 23456 vezes. E que fique na dúvida se prefere Ana Carolina ao Seu Jorge, em Ana e Jorge.
Que
discuta Criminologia ainda que
discordemos ao final. E que nesse final, ele me beije com aquele jeito só
dele, para provar que me ama mesmo quando não comungamos da mesma opinião.
Quero uma amor que não
torça para o Clube Atlético Mineiro. Em sendo isso inevitável, que não seja
daqueles atleticanos mais doentes, de pouca (ou nenhuma) educação... E que mesmo atleticano,
não torça contra o Cruzeiro. Ao menos na minha frente.
Que prefira Cuba feita
com Coca Zero, gelo fracionado e limão siciliano. Que diga que não preciso mais
emagrecer. Que se empenhe muito em convencer-me.
Quero um amor que tenha a mesma
aversão que eu tenho a mentira e hipocrisia. E preconceito. Que
seja a favor do matrimônio entre pessoas do mesmo sexo, além da adoção de
crianças por estes porque entende e comigo repete que 'sim, todo amor é
sagrado'.
Quero um amor que ouça Legião, Milton e Chico. Mas que goste de
sair para um samba. E que tenha tesão ao me ver dançar Funk, rs!
Que seja
paciente, mas que fique bravo quando eu não atenda ao celular porque estou no
salão. Daquelas raivas que mereçam biquinho e tudo!
Quero um amor que vista jeans surrado. Que
não tenha pudores ao ir a padaria de pijama no domingo de manhã. Que não seja adepto ao traje de gala, mas quando usá-lo, saiba honrá-lo, com a
mesma elegância quando usa aquele presente da madrinha de
Natal.
Quero um amor que tenha o devido respeito para com os seus familiares.
Que goste da companhia da sua avó, tanto quanto eu gosto da minha. Que tenha no
seu pai a referência da honradez e dignidade que espera-se de um pai de quatro
filhos, ou três, ou mais. Meu amor não deve ser filho único, porque precisaremos
de alguém - além do Igor - para nossos filhos chamarem de ' dindim'.
Quero um
amor que me leve para conhecer novos lugares, novas gentes e novas culturas. Que
se perca comigo ante a falta do GPS e não se irrite mais do que a mim nessas ocasiões. Que mesmo
perdidos, me surpreenda com uma daquelas máximas-cafoníssimas-de-casal: ' - eu já sou perdido no tempo por você, preciso
me perder ainda no espaço?'. E que me faça amá-lo ainda mais, se possível.
Meu
amor deverá localizar com agilidade, no Aurélio Buarque de Holanda, os vocábulos: lealdade, inteligência, charme, honestidade, companheirismo, gentileza e bom humor.
Quero um amor que implique com o comprimento da minha saia, mas que não ouse proibir-me em usar qualquer tipo de vestimenta!
Quero um amor que acredite em Deus,
da sua forma, do seu jeitinho, sem fanatismos. E que transmita a sua
religiosidade aos nossos filhos de forma sadia.
Que queira filhos quando eu
estiver preparada para concebê-los. Que queira ter um menino, de nome curto e
forte, como Otto, Otávio, Ivo. Tá bom, Augusto. "- Lindo Bernardo, não?". E que caso tenhamos uma menina,
saiba não me causar ciume, afinal, ele terá outra pessoa do sexo feminino para
amar... Que a ela, concorde em dar o nome de Clarissa. E somente Clarissa. Quero um
amor que empenhe-se em educar um novo ser. Que aproveite ao
máximo as fases das suas vidas. E que não se importe de buscá-los na balada às
três da manhã de domingo.
Que me acorde com uma SMS só para dizer que sonhou comigo. Que lance indiretas no Face para causar-me ciuminhos tolos... Que pinte uma faixa no nosso aniversário de qualquer coisa. Olhar azul-turqueza quando eu pedir, risadas maluquinhas, indiferença travestida de indecisão num misto de insegurança. Mas certeza de que é o amor da minha vida. Senão para o todo sempre, para o agora.
Quero um amor que me diga 'te amo' mesmo em
silêncio, sob a luz da lua de Minas. Ou no frio do Rio Grande. Que seja então sob o calor das dunas de Alagoas. E que diga 'te amo' em pequenos gestos,
como ao me oferecer o último tablete de Suflair. "- Amo cê!", mesmo quando interpelado por uma daquelas minhas ironias deslocadas e irritantes. E que me perdoe facilmente, logo em seguida.
Quero
um amor que sinta a minha existência e esteja a minha espera.
Mas com pressa de me amar...
Amor,
L.C.
[publicado originalmente em 10 de setembro de 2010]
Japinha, vc é a autora desse texto??
ResponderExcluirDigamos q vc quer uma pessoa q não existe né?rsrs Mas adorei o texto, pois sei que é possível encontrarmos um pouco de cada disso que foi citado e até o que não foi....pq quando amamos até os defeitos viram qualidades rs
Bjssss minha doce amiga Japa
Que post lindo !Sem dúvidas esse é o amor que TODOS queremos e que muitas vezes por ele idealizamos,sonhamos e criamos isso em outro alguém.Parabéns!Me encantaram suas palavras! Beijo !
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