sábado, 12 de janeiro de 2013

Do Casamento - art. 1.511 e ss do Código Civil Brasileiro


Confesso não ler e-mails. Por desleixo, preguiça ou falta de tempo, não leio.
Geralmente consulto minha caixa de entrada quando avisam-me terem enviado determinado documento ou quando preciso tratar com alguém assunto de certa relevância.
Eis que, sem muito o que fazer, verifico, nessa madrugada, as minhas mensagens.
Dentre propagandas, anexos com powerpoint, Facebook dizendo isso, Blogspot aquilo outro, deparo-me com o e-mail de um querido amigo, o Gustavo.
Tomei a liberdade de publicá-lo ipisis litteris dado o seu conteúdo.
Leiam-no; é auto-explicativo.
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Date: Fri, 7 Dez 2012 02:51:29 -0800
From: Gustavo Coimbra
Subject: URGENTE!
To: Lívia Cândido


Livinha, é urgente, vou me casar! risos
Não com você, como eu previa há... há quantos anos, mesmo?
Não sou dado a Matemática, sabemos muito bem! Nenhum de nós era, não é?!
Calculo uns 7, no máximo 8 anos... poxa, como o tempo passou rápido!
É isso: informo-lhe que, no dia 13 de dezembro, estarei a subir ao altar e dizer sim a uma mocinha assim como você: linda! Sempre tive bom gosto, não é mesmo?!
Gostaria de contar com a sua presença na cerimônia, no entanto, penso ser um tanto constrangedor e complicado. Constrangedor porque ela conhece você "por ouvir dizer" e sente um ciúme daqueles! Complicado porque a cerimônia se dará no interior de São Paulo, onde passamos a viver desde que fui aprovado no concurso do MP. Você disporia de recursos temporais e financeiros para providenciar uma viagem em poucos dias? Seria exigir-lhe demais, presumo.
De todo modo, eu vou levar você comigo: a igreja será enfeitada com tulipas!
Dia desses localizei uns escritos em Hermenêutica Jurídica e as lembranças surgiram naturalmente...  
Lá estava você entre as linhas da sua caligrafia personalíssima! Reproduzia bem a personalidade de quem representava, não?!
Quanto ao conteúdo, deixava bem claro quem havia escrito o quê: você, com seus ideais liberais-democráticos (sim, são! Mantenho minha opinião!), enquanto eu, ponderado, pensando numa democracia possível de ser vivida. Nessas linhas você deve estar a exclamar um debochado, porém, encoberto pelo seu charme, "tsc tsc tsc", discordando até mesmo da minha respiração, mas silente, "para ver até onde vai o meu atrevimento", não era assim?! risos
Minhas recordações foram ainda mais longe, Livinha: lembrei do seu perfume! Aquele que eu dizia que dava vontade de comê-la de garfo e faca, e você dizia que os pauzinhos da comida japonesa seriam mais adequados!
Passei pelo seu "bom dia" dito com o olhar, pela forma como você acomodava os sem-número de livros que as acompanhava abaixo da mesa, e pelo seu olhar e ouvidos atenciosos para o que o Professor dizia ás sete da manhã da segunda-feira! Recordo-me do uso do "pela ordem" quando discordava de um ponto, e de fazer um "aparte" quando queria posicionar-me. Curioso como suas colocações despertavam os que cochilavam e os que estavam preocupados com outros assuntos, como com as festas de logo mais!
Lembro, ainda, tentarmos tomar um café da manhã com pão de queijo na cantina do prédio 6. Eu digo tentar porque você era parada pelos alunos da Geo, do Serviço Social e da Administração. Um saco!, eu pensava naquela época. Hoje, penso que você poderia ter se candidatado ao cargo de Vereadora, seria eleita com a maioria absoluta do votos! risos Avessa a "políticas de nichos", como bem rotulava, nem mesmo o DCE e o DA de Direito você pleiteou, apesar das indicações!
Lembro de duas suas amigas cumprimentarem-na com um abraço forte e estranho, meio torto. Vocês justificavam como o encontro dos corações... Eu achava uma babaquice sem igual à época, e, para provocar-lhe, dizia que eram atos próprios de patricinhas, mas o mauricinho era eu, afinal, era assim o tratamento que você me conferia, disfarçadamente ou não.
Por mais que eu tentasse provar o contrário, em muitos momentos você deixava transparecer que eu era um "burguês privilegiado"e pensava e agia como tal. Nas nossas discussões ficavam evidentes essas posições. Avaliando fatos e argumentos, hoje concordo com você. Posso garantir que entendo perfeitamente não o seu preconceito, mas o seu "conceito", como dizia naquelas manhãs e tardes na biblioteca da PUC.
Tardes que eu compartilhava com você, cercados por livros de todas as esferas do Direito, da Sociologia Jurídica, Criminologia, Filosofia e da Psicologia (confesso até hoje não entender você atrelar a Psicologia ao Direito... seria para argumentar e contra-argumentar tão bem como fazia? Eis a questão para Freud responder! risos). Lembro, ainda, de seu carisma conferir-lhe o direito (arbitrário) de tomar sete, eu disse sete! livros sob empréstimo, enquanto, para os mortais, eram permitidos somente quatro. Esse seu carisma era um atropelo, minha cara!
Não vou me esquecer de como se posicionava nas coisas mais amiúdes e corriqueiras: do aconselhamento que o último botão da blusa não se devia abotoar, das senhas mais malucas para o acesso ao SGA (geralmente, palavrões), da maneira atenciosa como atendia o público no SAJ (e do seu empenho nas causas), da forma como dirigia-se aos professores, com absoluto respeito e exaltação, de como ganhava na sinuca ignorando as regras (pato! pato! pato!), da sua fixação por crimes, penas, cadeias e bandidos (és a única mulher que conheço que trabalha com esse pessoal, Livinha!), por fim, das discussões sobre o futebol. Impressionante como sabia dizer sobre o Campeonato não só mineiro, como o nacional! 
Por essas e por tantas muitas outras, eu, como um bobo, me declarei a você, o que era plenalmente visível, de modo que você tinha percebido como eu passei a tratá-la com deferência naqueles seis meses de convivência! Teriam sido tantos outros seis, e mais seis, e mais seis...
Recordo da sua educação e do seu jeitinho em dizer-me não e de como cercou-se de cuidados, com medo de magoar-me.
Justificou dizendo preferir caras mais "alternativos", com idéias revolucionárias, distantes do status quo do Estado, daqueles tipos que "cursa Filosofia no turno da tarde de uma universidade federal, para terem motivo para encherem a cara com o vinho mais barato à noite"! Quanto ao físico, nada dos meus cabelos lisos, da minha cor pálida e do meu porte atlético, você preferia os "cor-brasil", de "cabeças mal tratadas", óculos de vidros, com barriga (ainda acredita que homem sem barriga é homem sem história? Por favor!), que escutassem Pink Floyd e jogassem game no fliperama! Livinha, se eu gargalhei naquela oportunidade com a descrição do seu tipo ideal, o mesmo faço agora! risos
Até nesse momento, se eu já a admirava, passei a enaltecê-la como mulher. Você era menina naquela época, tendo me confidenciado a virgindade preservada para um grande Amor. Uma pena não ter sido eu, só faço lamentar...
Eu, agora, no alto dos meus 29 anos, só posso desejar que você encontre um Amor, Livinha! 
A sua altura, a altura do que você é e tem a oferecer, que não é pouco, longe de ser. Das ironias, confusões e dramas naqueles "dias de mulher" até a sua mais bonita amizade, generosidade, sensualidade (mantém como seu atributo principal?) e o Amor todo grande que você leva por aí, na minha saudosa Minas Gerais!
Não vá oferecê-lo a qualquer um e machucar-se, tá ouvindo? Eu jamais a perdoaria!
Com o presente, venho compartilhar um pouco dessas lembranças, preservando outras que mantenho em segredo e, guardadinhas, levarei ad eternum... nesse momento, para o altar, com você representada pelas tulipas vermelhas, altivas e garbosas!
Livinha, Lí, Ive, "Tantão" - risos, enfim, um abraço como aquele que você trocava com suas amigas (cujos quais eu morria de inveja, agora reconheço! risos) e, se me permitir, o beijo que eu sempre quis te dar...
Do seu "playboy",
Gu.
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Considerando que o e-mail foi encaminhado em dezembro de 2012, em qualquer tempo de 2013 que eu  respondê-lo, estarei em atraso. Comprometo-me a publicar quando o fizer.
Eu não fui - ou sou - tudo o que ele disse, e, ainda bem que não!  O Gu, sim, era e mantém-se um querido, verdadeiro gentleman!
Não o tenho nas minhas redes sociais, assim como não disponho do seu atual número de celular. Portanto, por ora, o que posso fazer é emanar boas vibrações  para as bandas de São Paulo em sua nova fase e desejar-lhes todo aquele cliché dito para recém-casados!
E, Amor! Sempre!

L.C.

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