domingo, 28 de setembro de 2014

"Eu quis alguém pra estender uma canga na grama e olhar estrelas, como nos filmes que se criam na minha cabeça. E, como nos filmes, dançar sem música, porque a batida de dois corações bem próximos já é canção. Eu quis alguém pra gastar noites planejando futuro. De cada um. Dos dois. Futuros que talvez nem cheguem, Eu quis alguém pra me me abraçar depois de uma viagem – tão bom voltar para o nosso lugar. Eu quis alguém pra me acompanhar em aniversários de família, porque sempre existe um momento em que a gente não se encaixa. Quis alguém compartilhando esse desajuste comigo. Eu quis alguém que me tocasse, só pra ter certeza de que eu estava ali e não ia embora. Quis surpresas quando abrisse a porta. Prazos para os passos que chegam mais cedo ou mais tarde, mas sem pressa. Quis alguém pra cochichar durante uma sessão de cinema e roçar o nariz no pescoço, enquanto o personagem gritasse na tela. Eu quis alguém bandeira-branca no meio do caos de todas as dúvidas que me mancham. Eu quis, quis mesmo, alguém que não se importasse com distância; que distância não existe quando a necessidade de olho-no-olho é combustível, e a alegria que isso traz preenche qualquer estrada. Eu quis alguém que abrisse exceções pra mim, porque sou eu, poxa. Café na cama, comida na cama, cigarro na cama; só porque sou eu. Eu quis alguém me olhando enquanto ainda durmo, daquela maneira que quando a gente espreguiça as pálpebras e percebe, não sente enjoo, só segurança. Eu quis alguém que escrevesse uma música pra mim, dizendo que sou eu e ponto, sem desfocar o amor por causa de outras possibilidades. Eu quis alguém pra tocar a campainha depois de uma briga e tudo se acalmar só da maçaneta girar. Alguém pra pegar estrada em uma sexta-feira depois de uma semaninha chata e ir parar em qualquer lugar – juro, qualquer lugar com colo. Alguém pra ficar em silêncio, porque às vezes a gente não tem nada pra dizer mesmo e a intimidade de ficar calado, sem a sensação de peso, já conforta. Eu quis aquela cerveja, porque é a minha preferida – mas não quis pedir por ela, eu quis que você se lembrasse e quisesse me fazer feliz quando eu abrisse a geladeira. Quis trançar mãos em um passeio noturno e me sentir flutuando. Eu não quis olhar para os lados, porque não tinha nada lá. Eu quis tudo o que é absolutamente natural. Nada difícil. Eu só quis um amor no eixo." - Priscila Nicolielo

terça-feira, 16 de setembro de 2014

"Porque eu tive vontade de te colocar no colo e te chamar de meu amor. E dar um abraço gostoso e perguntar de você, e te ouvir... até que adormecesse em silêncio. Porque eu tive vontade de dizer que ia dar tudo certo, não importa o quê. E dizer que você é especial, e seu futuro é brilhante... eu só enxergo coisas grandiosas pra você. Quis abraçar apertado, mas me contive. Tão importante quanto se ter certeza do que se sente é respeitar o espaço do que o outro sente. Mesmo que por intuição. Pensei que seria bom se as coisas fossem diferentes, e o universo desejasse diferente. Pensei que talvez, no fundo, tudo não fosse mais que nossa escolha. Agradeci e parti. De mim, da minha vontade, do meu desejo. Daquela parte de loucura que me diz, com força, que é inútil resistir e que o que eu mais queria estava bem ali, disposto à minha frente. Esbocei um sorriso encabulado, meio sem graça, meio displicente, só para esconder que o beijo que eu não te dei continuava comigo. Lancinante. Pulsando o corpo inteiro. Enrubesci. Não sei dizer se você percebeu como fugi como um gato. Arisco. Me despedi entre tropeços e tarefas, atrapalhada, como quem procura o bilhete do metrô em uma bolsa comprida e repleta. De mundos, de fundos, de nexos. Distante, distante, distante... de tudo que havia de mais terno, mais doce e mais bonito... em mim." - Elenita Rodrigues

“Não sei o nome disso que estamos sentindo um pelo outro e também não me importa. Pode ser o ápice ou o precipício, e tudo bem. E também não sei se teremos habilidade para cultivar isso por três semanas ou por três décadas inteiras. Só sei que agora estou interessado em saber como será o próximo passo.” - Gabito Nunes

- tão (m)eu...

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

"Talvez eu não mereça amar. Mas todos merecem. Dizem por aí. Então talvez eu não saiba amar. Mas todos já nascem sabendo. Dizem por lá. Já sei, então talvez eu não saiba descobrir o amor entre as paixões que me passam sorrindo. É isso. Sorrisos lindos já me deram bom dia, mas, nem sempre dei oportunidade deles me darem boa noite. Talvez por medo, receio de um amanhã farto de mais do mesmo, ou por achar que, por mais gostoso que esteja, ainda falte algo. Mas será que falta? Minha vida é ilusão e filme. Choro e riso. Medo e vontade. Dúvida e sonho. Confesso que volta e meia me perco em amores que não existem. A vida nos guia, as concessões são necessárias, o dia a dia cria os amores e desafetos, as perfeições são utopia, todos sabem, mas, hoje, é exatamente isso que eu quero: sonhar com um amor que não existe. Diferente de idealizar, sonhar é gostoso e saudável. Qual seria a graça da minha infância se eu não sonhasse em ser astronauta, ou, se eu não pudesse lutar contra os dragões de duas cabeças que insistiam em querer roubar meu sucrilhos? Sonhos não geram frustrações, expectativas geram frustrações. Deixar o coração descontrolado é uma delícia! Mas, procurar o amor é, vezes, procurar a dor. A dor e o amor se escondem num baú de sentimentos, um ao ladinho do outro. E quando vamos apanha-los não sabemos o que estamos tateando. Pois, nesse baú de sentimentos, as escolhas só podem ser feitas de olhos fechados. Os sentimentos não permitem que sejam vistos e escolhidos pelo crivo do olhar, mas somente pelo sentir do coração. A surpresa é eterna, mas que tenhamos sorte nas escolhas. Independentemente do que agarrarmos, espero que os amores façam sorriso das dores, e as dores façam querermos amar mais. Por mais difícil que seja. Hoje, pra mim, o amor dói. Já amanhã, espero que seja somente uma dor que passou, um sorriso que ficou e um beijo que insiste em me acordar." - Frederico Elboni

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

"Muda de humor o tempo todo. Sempre enjoa de ser feliz, ou ser triste, ou ser chata, ou ser quieta. Quase nunca muda de opinião. (Na verdade, ela nunca muda de opinião, mas prefere que eu diga "quase nunca" e assim ela parece uma pessoa flexível.) Ela nunca mudou quem é. Nunca diminuiu o tom dos seus sonhos. E mesmo assim é uma nova moça a cada manhã. Também não sei explicar o porquê. Também não sei explicar o motivo ou razão dela estar sempre terrivelmente bonita. Independente da roupa, da temperatura, de quantas camadas de máscara para os cílios - nenhuma ou três, sei lá. Desde que o verso dos seus joelhos estejam desnudos tudo nela já parece uma enorme tentação. Mesmo em dias ruins. Mesmo quando brigamos meio mundo em discussões idiotas e términos ríspidos daqueles que em seis segundos depois, voltamos com risos presos nos perguntando: por-que-não-consigo-ficar-bravo-com-você-sua-besta? Basta ela se distrair que a saudade já toma o seu lugar. Maldita". - Hugo Rodrigues

“Sossega, tudo chega no tempo certo. Não te apressa, a vida se encarrega de trazer tudo que falta. Não desanima, os ventos fortes só surgem para mostrar como nossa base é forte. Não entristece, nem sempre o que você deseja é realmente o melhor para você neste exato momento. Não esquece de sorrir, um sorriso transforma muitas situações.” - Clarissa Corrêa


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segunda-feira, 8 de setembro de 2014

"Hoje, escondido em meio aos meus passados presentes, lembro com medo e saudade, como o amor um dia já me pareceu certo. O tempo passou, algumas dores ficaram e os traumas me parecem constantes. Independente disso, ainda caminho me apaixonando e, volta e meia, me dizendo que agora não é hora de amar. Mas, em silêncio, sei que sempre é hora de amar. Sei também que talvez o meu receio de amar seja só para ele ficar cada vez mais vizinho. Já que com tempo aprendi que quando rejeitamos o amor, o tornamos cada vez mais presente, pois o relembrar da necessidade de esquecer é uma memória presente e covarde. Dores de amor caminham sempre conosco. A memória voa. A saudade é incansável. Mas o amor é certeza. E mesmo quando não é, deveria ser. O medo de amar é uma constante para todos que já foram para-raio dos descasos alheios. Mas amor é flor e cheiro, e, por mais que se vá, a flor sempre deixa seu perfume ao vento. E, por acaso você já viu o vento ir embora e nunca mais voltar? Ele sempre volta, vezes calmo, como quem sussurra e te conta algo, vezes se guarda para vir tempestivo, mas, quando vem, não há resistência que sirva de muro. Que sejamos mistérios de amar, mas também vontade de viver. Que tenhamos medo, mas não descartemos a possibilidade de nos surpreender. Por fim, que sejamos sempre amor. E, se o medo quiser nos convencer que histórias e traumas se repetem, digamos a ele que ele precisa amar um pouco mais…" - Frederico Elboni

"Saudade é amar um passado que nos machuca no presente. É uma felicidade retardada. É deitar na rede e ficar lembrando das ardentes reconciliações depois de brigas homéricas por motivos desimportantes. Sente-se falta de detalhes, como uma toalha no chão, dias chuvosos, da cor dos olhos. A saudade só não mata porque tem o prazer da tortura. " - Gabito Nunes