quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
eu quero Ive Brussel, ...
minha menina dos olhos que cintilam, eu admito não ousar repetir seu nome três vezes em sequência para não tornar-te ideia fixa.
minha pequena do nariz que arrebita, eu reconheço não saber a quais versos de Drummond recorrer para impressioná-la, e acabo recitando Quintana em seus ai, ai's.
minha flor da boca cor da rosa, eu juro não mais olhar as outras do jardim, para mim todas elas manjericão.
minha pura e bendita, eu rogo por vós em todas as orações, tomando-a como meu pecado maior quando confesso ao santo padre.
meu desejo nada secreto, eu te tenho dentro, fora, fora e dentro, mas nunca distante de mim e do meu gozo nada discreto.
minha fada, minha musa, oh, baby!, eu me transformo nesse ser cafona quando te cantarolo com Roberto e suas calcinhas sequestro como um Wando.
meu bem, meu mal, eu abdico do meu valor, crença e opinião a favor do seu time, partido e religião.
meu sol, eu te suplico em insolação; minha lua, eu me banho com seus raios minguantes.
minha música, eu, em meu fanatismo, a aplaudo quando desafinas e peço bis na fila do gargarejo;
meu cinema, eu me fantasio em Chaplin, e te faço minha Monroe;
minha novela, eu acompanho dia após dia os seus capítulos para descobrir quem matou a Odete.
minha história, eu, o seu Shan-Jahan, e você, a minha Muntaz Mahal;
minha geografia, eu rasgo o mapa para perder-me por suas coordenadas e, assim, tardar o localizar-me;
minha equação matemática, eu ignoro por você o valor de x, desconheço a hipotenusa e me guardo dentre os seus colchetes. E, "tudo certo como dois e dois são cinco", de Caetano.
meu português tupiniquim, eu conjugo você em todos os tempos verbais, te faço em verso, te trago em prosa, e elejo-te a minha Clarice, com toda a minha licença em poesia.
meu rock, eu and roll com você; minha moda, eu te violo em cada toada do Jeca;
meu jazz e blues, eu me vicio em drogas e a tatuo Winehouse.
E, tal como Jorge, "você com essa mania sensual de sentir e me olhar", eu te faço Ive.
"não sei não, assim eu acabo me entregando", eu (te) quero Ive Brussel.
"Ive! Ive! Ive!
Eu quero Ive Bru Brussel, ..."
L.C.
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