sábado, 25 de fevereiro de 2012

"[...] você que me faz cantar assim: na na na na..."

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Acordei hoje com tal nostalgia de ser feliz
Eu nunca fui livre na minha vida inteira. Por dentro eu sempre me persegui. 
Eu me tornei intolerável para mim mesma. Vivo numa dualidade dilacerante.
 Eu tenho uma aparente liberdade mas estou presa dentro de mim.

Clarice Lispector

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Aprendi, 
embora tantas vezes esqueça e as circunstâncias me convidem a relembrar, que a ordem natural das coisas é a fluência, o movimento. 
O fechamento de um ciclo e a inauguração de outro.


Ana Jácomo


 

25 de fevereiro de 2012: 16 anos sem Caio Fernando Abreu

Gosto de pensar assim que quem já morreu fica num lugar quentinho, que a gente não vê, cuidando de quem ainda não morreu. E se você quiser agradar a essa pessoa, é só fazer coisas que ela gostava. Aí ela fica ainda mais quentinha e cuida ainda melhor da gente. [CFA]
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Recomendo! ;)
Conheci Caio nos idos de 2010, através de um grande amor. Sinto que ambos se mantém, cada qual a seu modo...
Desde então, passei a consumir a arte de Caio - psicologizando -, "da forma como eu dou conta e no meu tempo". A intensidade, franqueza, lirismo e realidade com que ele fala sobre o amor e outros não menores sentimentos precisam ser sorvidos aos poucos, bem aos poucos...
Recebi como presente de aniversário - devo ressaltar que meu aniversário é em 02 de outubro, contudo, o presente veio a ser entregue somente em 17/02/2012! Coisas da Laíz... ai, ai... - o livro "Para sempre teu, Caio F. - Cartas, conversas, memórias de Caio Fernando Abreu", da Paula Dip, que conseguiu reunir cartas, fotos, bilhetes, depoimentos de amigos e particularidades que dividiu com o escritor ao longo de 20 anos de amizade.
Conhecer a história da vida de Caio tem sido en-can-ta-dor!
Devo dizer que as páginas a serem lidas hoje serão um pouco mais sentidas, considerando os dezesseis anos sem a sua presença [física] entre nós...

Para sempre tua, Caio F.,

Lívia P. =]

- oi?

"É só sentir e pronto. Pode pegar dicionário, gramática, enciclopédia. Pode até procurar no google. Não há como entender". Clarissa Corrêa

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

pílula de Caio

[…] Na fachada estragada pelo tempo lia-se numa placa: “II y a toujours quelque choe d’abient qui me tourmente” (Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta) — frase de uma carta escrita por Camilie Claudel a Rodín, em 1886. Daquela casa, dizia a placa, Camille saíra direto para o hospício, onde permaneceu até a morte. Perdida de amor, de talento e de loucura.

 Caio Fernando Abreu. Existe sempre alguma coisa ausente, in: Pequenas Epifanias

do meu mundo e suas abstrações...

  
Meu mundo se resume a palavras que me perfuram, a canções que me comovem,
a paixões que já nem lembro, a perguntas sem respostas, a respostas que não me servem, à constante perseguição do que ainda não sei. 
Meu mundo se resume ao encontro do que é terra e fogo dentro de mim, onde não me enxergo, 
mas me sinto.

Martha Medeiros
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Provocada com a matéria da Carla Gullo, na revista Marie Claire Brasil - fev/2012, eis-me aqui falando [mais uma vez] sobre o amor...




Amor é paciência, por vezes, tolerância.
Atrasos, ironias, distrações, infantilidades... e toda uma gama de características [leia-se: defeitos], são passíveis de relevações quando não constantes e após já terem sido discutidos pelo casal. É com pequenos ajustes que se edifica uma relação!


Sexo é o encontro de dois.
Nada mais natural não fosse o fato de muitas de nós renunciar a seu desejo em prol da satisfação do desejo do parceiro (a). Antes de amar o outro é necessário amar a si própria, com mais afinco e verdade - a sua! Afinal, é físico e bíblico o "dar e receber"!

Fidelidade não deve ser exigida, e sim, conquistada.
Dia desses estava discutindo isso com um amigo, que, para mim, não é tão importante assim saber quem - além de mim, óbvio! - desperta a atenção do outro, ou mesmo um pouco além da atenção! Fidelidade é o trofeu obtido após uma maratona percorrida sem preconceitos, mágoas e desprendimento! Ademais, Fidelidade, ao meu ver [míope], não perpassa por essa visão monogâmica de parceiro(a), porque consigo compreender a atração sexual entre os humanóides. Quando o sentimento é igualmente atraído, entendo aí sim ocorrer a tão temida traição. Muitos podem dizer que poderia emergir do contato físico o sentimental, e não rejeito essa possibilidade, aceito-a como um termômetro para identificar como está a caloria da relação! É o risco que se corre quando aceito-me liberal-democrática!

Ciúme e possessão sugerem sessões de análise.
Não entendo-os como defeitos, pois creio serem características pessoais, daquelas que constroem a personalidade, e como tais, merecem ser tratadas na análise. Observação: quando em pequenas doses, devem ser pouco a pouco degustadas... quase um Chandon a saborizar a relação!

Intimidade deve ser conjugada no singular.
Após conquistada a do casal, eis o desafio de manter a individual! Passando pelo xixi de porta aberta [não se fazem mais fechaduras como antigamente, tsc-tsc-tsc!], pelo futebol de sexta à noite e pela despedida de solteira da noiva no Clube das Mulheres, intimidade vai muito além, confundindo-se, por vezes, com privacidade. Seja qual for a definição conferida a elas, na dúvida, preservem-nas a ambas!

Amor não deve causar dependência.
Para alguns é tóxico, para outros, uma droga! Fato é que dependência se deve ter de princípios, valores e bons sentimentos! Depender de algo ou alguém para entender-se estar vivo, é deplorável...
- Garçom, uma dose de amor-próprio, por favor!
 
A distância confirma o (des)amor.

A distância - quando física -  provoca insegurança e até mesmo sofrimento, contudo, é contornável quando os sentimentos estão em sintonia e são correspondidos. Pior mesmo é quando a ponte aérea ou os quilômetros de estrada não conseguem aproximar duas pessoas que, ainda que espacialmente próximas, tornam-se distantes em sentimentos e emoções. Tão logo identificada tal situação, não bastantes avião e carro, é chegado o momento de abandonar o navio, e a nado! Tchibum... 


Lívia =]


 p.s. 1:  ... e a vida segue! Que eu não me canse de (des)aprender até o seu fim!

p.s. 2: Luuu ["Cadê o meu abraço?"], quero muito saber sobre o seu aprendizado sobre o amor... lalala'...

sem mais

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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

porque...


Prefiro esbanjar emoções. 
Mesmo que doa. Mesmo que, um dia, eu possa me arrepender. 
Meus arrependimentos duram pouco, alguma coisa me cutuca e diz olha, que bom que você fez. Que bom que você teve coragem. 
Que bom que você sente. 
Que bom que você tenta. 
Tentar é se arriscar. E tudo na vida tem metade de chance de dar certo. E a outra metade? De dar errado. Mas não é poupando que você saberá.
 
Clarissa Corrêa

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Não me falta cadeira; não me falta sofá, só falta você sentada na sala; só falta você estar. Não me falta parede e nela uma porta pra você entrar. Não me falta tapete, só falta o seu pé descalço pra pisar. Não me falta cama, só falta você deitar. Não me falta o sol da manhã, só falta você acordar… Pras janelas se abrirem pra mim e o vento brincar no quintal, embalando as flores do jardim, balançando as cores no varal. A casa é sua, por que não chega agora? 
Até o teto tá de ponta-cabeça, porque você demora!
— Arnaldo Antunes.

pílula de Caio



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Lívia descrita por Chico Buarque de Holanda


Quando amo
Eu devoro
Todo o meu coração
Eu odeio
Eu adoro
Numa mesma oração
— Chico Buarque

- oi?

- Pablo Neruda
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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

porque...

* Só quero saber realmente o que importa.
Dos assuntos que só ferem quando são picadas de inseto.
Coisas assim, que só ardem por fora.
* As coisas que mais são importantes agora, 
toda a minha atenção, como se dela, só delas,
dependesse minha afeição.
* Sorvete de baunilha e lençol limpo ou então dessas coisas que não se mostram e só se reconhecem sem os olhos, gentilezas por exemplo.
* Nesse tempo do que realmente importa, 
não existe conspiração do universo e muito menos coisas do destino, se é que isso existe.
 Nesse tempo as lembranças ruins só são um borrão.
* Existe também um pé de ruga que pode ser pé de passarinho porque nesse tempo, a gente ri demais.
Então pode-se chamar de pé de passarinho e não de galinha,
porque passarinho pelo menos voa mais alto.
* Existe essa alegriazinha, 
coisa de quem aceita a esperança sem medo do que há por vir,
Sem temer o que há de partir

Vanessa Leonardi
P.S.: uma das coisas que mais me enternece na V. Leonardi é ela não inserir final [o ponto] na sua arte. Dá-me a impressão de incompletude, transcedência, 
CaioFernandiando, de irremediável...

Ô trem xonado, sô!

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Não se soma à alma aquilo que não é capaz de entrar dentro dela.
E alma só se preenche com silêncio, algum poema, um conselho que, de bom, foi esquecido,
beijo de mãe quando se dorme, uma reza sincera ao anjo da guarda, um amor que é eterno e raro de se achar. E outras centenas de coisas que todos podem ter, se não estiverem com muita pressa.
Uma alma pode estar vazia ou cheia de inutilidades.
Mas ela existe.

Fernanda Young

pílula de Caio

Durmo, acordo, faço coisas, leio muito. E esse vazio que ninguém dá jeito?
Você guarda no bolso, olha o céu, suspira, vai a um cinema, essas coisas. 
E tudo, e tudo, e tudo.
CFA

Das cores [ocultas] das flores...

(re)visito-me


- eu amo errado, desalinhado, sem medida.
faço alarde, rio fácil, leio músicas, ouço poesias.
crio mistérios pelo simples prazer de desvendá-los.
busco - e não raro encontro! - charme em simples piscadelas, sorrisos tímidos e mãos de poucos gestos.
sei de mim muito pouco, mas do outro sinto o suficiente para querê-lo em/para mim.
e certa de existir, fantasio a realidade ao criar e re-criar gentes e situações. é  a beleza da saudade do que não existiu.
desejo dias de calmaria e noites de amoresss quentesss. assim, com vários esses,
pois quando amo, deixo de ser singular, e tal qual Lenine, me vejo plural.

Lívia aos 27-06-2011 [adap.]

sábado, 18 de fevereiro de 2012

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Carpinejando...

O que desejamos não se diz, 
se arde. 
Saber ser feliz é se deliciar com 
bobagens e lembranças, 
brincadeiras e com a proximidade do corpo.
[É] não deixar o corpo ser apenas um corpo.
Fabrício Carpinejar

(in)direta

Me esqueça sim
Pra não sofrer
Pra não chorar
Pra não sentir

Me esqueça sim
Que eu quero ver
Você tentar
Sem conseguir

Arnaldo Antunes

Lívia descrita por Graciliano Ramos

Comovo-me em excesso, por natureza e por ofício
Acho medonho alguém viver sem paixões.
Graciliano Ramos

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Só que aí eu acabei mudando. E foi mudança aos poucos, porque até hoje me dou conta de coisas minhas que já não estão mais lá e, quem roubou, eu jamais vou saber. O sorriso mudou e a vontade de sorrir pra qualquer pessoa também, graças a Deus. Foi por sorrir tanto de graça que eu paguei tão caro por todas as coisas que me aconteceram. Às vezes me pego olhando ao meu redor e vendo tanta menina parecida comigo. Tanto sentimento gritando de bocas caladas e escorrendo de peles secas. Tanta coisa acontece com a gente. Tanta gente passa pela gente, mas tão pouca gente realmente fica. E eu sei que, talvez, eu tivesse que ficar triste. Talvez eu tivesse que continuar secando lágrimas, abraçando o vento e rindo no vácuo, mas o fato é que eu não consigo. Eu não consigo mais ser triste só para mostrar que um dia eu fui - ou achei que tivesse sido - feliz. Aprendi com os meus próprios erros que sofrer não torna mais poético, chorar não deixa mais aliviado e implorar não traz ninguém de volta.
Tati Bernardi