quinta-feira, 31 de outubro de 2013
terça-feira, 29 de outubro de 2013
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
"No banho, ela cantava como se o mundo estivesse prestes a acabar e como se a água fosse recurso infindável. Cantarolava, em vários timbres, minhas músicas preferidas. Aquelas que ouviu, pela primeira vez, no meu carro. Ela não era afinada. Esquecia as letras. Inventava refrões sem o menor sentido. Porém, até hoje, desconheço melhor show. Ela, cheia de espuma na testa, espantava os meus males pro fundo do ralo." - Ricardo Coiro
- sim!
Pelo amor e o que ele nega
Pelo que dá e que cega
Pelo que virá enfim,
não digo que a vida é bela
tampouco me nego a ela
Digo sim.
Ferreira Gullar
"Eu jamais chegaria aonde cheguei se só andasse em linha reta. Tive que voltar atrás, andar em círculos, perder dias, perder o rumo, perder a paciência e me exaurir em tentativas aparentemente inúteis pra encontrar um quase endereço, uma provável ponte: a entrada do encontro. Acertei o caminho não porque segui as setas, mas porque desrespeitei todas as placas de aviso." - Marla de Queiroz
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
"Permanência", por Elenita Rodrigues
Porque, apesar de todo o meu
esforço para mandar você embora, você permaneceu...
Eu não sei bem como (não)
racionalizar tudo o que a gente viveu [...].
Mas é que também sempre dói.
Sempre dói pensar que eu sinto isso sozinha e que nunca vou poder contar com
você. E eu sei que se eu te dissesse isso assim, você também se magoaria
e... Às vezes é mais fácil me convencer
que tudo é tão difícil e começou tão errado que é melhor deixar pra lá... Mas é
que eu queria ser convencida do contrário, sabe? Eu queria que você segurasse a
minha mão e me pedisse pra ficar, de novo, e de novo, e de novo... Eu queria
que você me amasse. Eu queria que você
me amasse.
Porque, apesar de todo o meu
esforço para mandar você embora,
você permaneceu... em mim.
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
"Às vezes, um tico. Ou um teco. Ou até mesmo um cado. Um cadinho só. Uma besteirinha. Um tiquinho sequer. É o que eu peço. Ou o que preciso. Ok, não preciso. Mas eu quero. E quero muito, entende? Quero muito até o pouco que você pode me dar. Porque um pouquinho de amor já é uma tonelada e tanta." - Hugo Rodrigues
“Foi quando eu disse que não queria mais dormir se não fosse contigo. E que iria segurar na sua mão até o dia que seu cão voltasse. E se algum dia, olhando pela janela, os cotovelos apoiados, os dedos segurando um cigarro, eu me questionasse novamente o que seria essa tal felicidade, eu queria muito que a cidade gritasse seu nome.” - Gabito Nunes
"Talvez a gente só entenda e aceite o amor dignamente puro quando considerarmos as variáveis da vida, os términos, os fins, e assim olhar tudo isso com maturidade e compreensão de mundo. Mundo esse que, ao meu ver, é tão competente em distribuir momentos de alegria, dor, compaixão, reflexão e claro, amor. O peito aberto sempre será o melhor parceiro da tão gostosa possibilidade de amar." - Frederico Elboni
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
"Protegidos dentro de um motel barato", por Ricardo Coiro
Depois de te ver contrair cada músculo do corpo e com as mãos visivelmente trêmulas, esmagar o pouco que restará dos sujos lençóis embolados, focarei em teus olhos e lá no fundo, em um paraíso quase impenetrável, lerei teu pedido mais humano: tu implorarás, sem voz, para que eu deixe, por um só momento, o lobo faminto de lado. E pedirás, com a força inquestionável de um sorriso, para que eu te acolha rápido e te segure no colo. Só até teu ritmo cardíaco normalizar e o oxigênio voltar a preencher teus pulmões.
Sei que depois disso, quando a zabumba acalmar dentro do teu tórax, bateremos um papo construído com franquezas e com certeza, dividiremos um cigarro merecido, que certamente acabará marcado pelo tom do teu batom cor fome.
Sei que depois de alguns minutos, cortaremos as nossas vozes e em silêncio, num estado de quase torpor, voltaremos nossas atenções para o barulho humano da rua. Lutaremos contra o sono, pois antes de cerrar as pálpebras, buscaremos um último entretenimento no som das buzinas e dos cacos, caídos no asfalto graças às colisões comuns nas imensas avenidas. Ficaremos em silêncio, no escuro, ouvindo o ritmo dos falsos gemidos desferidos no quarto ao lado. Escutaremos calados o ruído de turbina do ar condicionado que só servirá como enfeite para nossa brasa infinita. E sem qualquer explicação, juntos, nos sentiremos totalmente protegidos, dentro de algum motel barato.
Apertará teu corpo contra o meu e eu, farei o mesmo, para que saibas o quanto posso ser humano, além de bicho faminto.
sábado, 19 de outubro de 2013
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
"Mas eu nunca fui o tipo de gente que olha pra beleza e venera. Porque eu acho isso bobagem, porque a paisagem de dentro é sempre mais bonita. E se você me fala que fulano é lindo por causa do olho de cor diferente, por causa do sorriso branco, ou por causa do físico perfeito, eu sou obrigado a rir e dizer que nada disso vale um amor pra anos, um amor de anos: o exterior sempre perde para o tempo, sempre sucumbe à falta de maquiagem e à falta de mundo." - Igor Pires
por Negahamburguer |
“Porque um dia a gente descobre que apesar de vivermos quase um século, esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos nem para dizer tudo o que tem que ser dito. O jeito é: ou nos conformamos com a falta de alguma coisa na vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras. Quem não compreende um olhar tampouco entenderá uma longa explicação.” - Mário Quintana
domingo, 13 de outubro de 2013
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
"E eu fico pensando em uma maneira de estar contigo. E eu só preciso abandonar o monitor que emoldura teu rosto e o microfone que imita sua voz, atravessar o oceano e desfilar por horizontes fixos, infinitos. É que eu não sei explicar este seu jeito de se esparramar e, ser ao mesmo tempo, tão preciso. A forma como incendeia com as mãos o meu vestido e faz arder a minha pele sem me machucar. Este teu jeito de me olhar, eu refletida no brilho mais intenso que acompanha um sorriso ou aquela lágrima que nos escondemos para que na despedida fôssemos, ao menos, concisos. Em vão. Não nos contemos: beijos, lágrimas e sorrisos. E a tua língua fala a minha, mas não alcança a minha boca. Isto é distância ou uma proximidade louca? Isto é real ou mais um devaneio passional? E entre as minhas lembranças e coxas escorrem lavas incandescentes, e o meu ventre vulcânico saliva teu corpo inteiro no compasso dança do desejo. Consegue sentir daí o meu beijo? Não sei o que será de mim, de nós, mas sempre que eu fecho os meus olhos, eu te vejo..." - Marla de Queiroz
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
"Troco madrugadas de sexta", por Hugo Rodrigues
Troco madrugadas de sextas-feiras com desconhecidas bêbadas por vadiar sábados inteiros ao teu lado, vendo filme velho na TV e te ouvir falar mal da tua mãe. Ignoro o meu passado de conquistas por te conquistar dia após dia. Mudo meu futebol de domingo por exposições interessantes ou fotografias despojadas. Troco meu enigmatismo clássico por teu desespero qualquer. Troco geladeiras gulosas por tuas porções verdes e sucos estranhos.
Troco beijos sem nome por tentar colocar meu sobrenome em seus-nossos filhos. Prefiro dormir de conchinha a ter que sair à francesa antes do sol nascer. Quero cartões de bom dia e mensagens indecentes – todas com você como remetente. Troco perfumes e roupas caras por tua cara amassada de ressaca pela manhã. Quero ser capitão do teu barco e ser teu mar, também.
Troco músicas altas por teus esporros no último volume. Troco amizades momentâneas por teus conselhos maternos. Esqueço noites com alucinógenos baratos e mulheres fáceis por fumar baseado na beira da praia ao teu lado.
Troco o silêncio do meu quarto em dias frios por teus gritos irritantes reclamando que não tem roupa para ir ao cinema comigo. Troco qualquer certeza de um encontro casual para tentar buscar a eternidade ao teu lado.
terça-feira, 8 de outubro de 2013
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
domingo, 6 de outubro de 2013
“Eu triste sou calada. Eu brava sou estúpida. Eu lúcida sou chata. Eu gata sou esperta. Eu cega sou vidente. Eu carente sou insana. Eu malandra sou fresca. Eu seca sou vazia . Eu fria sou distante. Eu quente sou oleosa. Eu prosa sou tantas. Eu santa sou gelada. Eu salgada sou crua. Eu pura sou tentada. Eu sentada sou alta. Eu jovem sou donzela. Eu bela sou fútil. Eu útil sou boa. Eu à toa sou tua.” - Martha Medeiros
"Eu nunca fui uma moça bem-comportada. Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida, pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal-resolvido sem soluços. Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo e não estou aqui pra que vocês gostem de mim, mas pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho e seduzir somente o que me acrescenta. Tenho uma relação de amor com a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra. A palavra é meu inferno e minha paz. Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que quase me deixa exausta. Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo. Eu sei chorar toda encolhida abraçando as pernas. Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar... Eu acredito é em suspiros, mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente. Acredito em coisas sinceramente compartilhadas. Em gente que fala tocando no outro de alguma forma, no toque mesmo, na voz ou no conteúdo. Eu acredito em profundidades. E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos: são eles que me dão a dimensão do que sou." Marla de Queiroz
"Mil motivos para ficar até amanhã de manhã", por Ricardo Coiro
Um DVD antigo, um pacote de Doritos, uma Coca-Cola de dois litros, um sofá-cama pequeno para nós e teus pés tentando roubar o eterno calor do meu corpo. Não preciso de mais nada e sei, graças ao teu riso infindável, que isso também te basta.
Tento pensar em algum motivo para deixar a tua casa agora, mas nada parece tão inadiável quanto a união de nossos corpos amassados pela preguiça e suados devido ao nosso incessante atrito despudorado.
Tento pensar em alguma razão capaz de me injetar coragem para largar-te sozinha entre os lençóis embolados e em meio às migalhas fartas dessa fome que sentimos um pelo outro, mas logo desisto, peço a primeira saideira e tu rapidamente me serves mais um beijo embriagante. Peço uma nova saideira e tu me entregas, novamente, as chamas que não me deixam colocar os passos na rua sempre fria. Peço outra saideira e no meu ouvido, tu pedes carinhosamente para que eu fique um pouco mais.
Não tenho camisa para reunião de amanhã de manhã, nem terminei minha apresentação importantíssima, mas e daí? Tenho a chance de te ter por apenas mais uma noite.
sábado, 5 de outubro de 2013
"Tem muita gente que pensa que ama. Não sou ninguém para julgar o amor dos outros, longe de mim. Mas o amor, o amor mesmo, o amor maduro, o amor bonito, o amor real, o amor sereno, o amor de verdade não é montanha-russa, não é perseguição, não é telefone desligado na cara, não é uma noite, não é espera. O amor é chegada. É encontro. É dia e noite. É dormir de conchinha. É acordar e fazer um carinho de bom dia. É ajuda, mãos dadas, conforto, apoio. E saco cheio, também. Tem rotina, tem manhã, tarde, noite, tem defeito, tem chatice, tem tempestade. Mas o céu sempre limpa. Porque o amor é puro como o azul do céu." - Clarissa Corrêa
"É preciso não esquecer nada: nem a torneira aberta nem o fogo aceso, nem o sorriso para os infelizes, nem a oração de cada instante. É preciso não esquecer de ver a nova borboleta nem o céu de sempre. O que é preciso é esquecer o nosso rosto, o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso. O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos, a ideia de recompensa e de glória. O que é preciso é ser como se já não fôssemos, vigiados pelos próprios olhos severos conosco, pois o resto não nos pertence." - Cecília Meireles
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
"Mas o melhor do abraço não é a ideia dos braços facilitarem o encontro dos corpos. O melhor do abraço é a sutileza dele. A mística dele. A poesia. O segredo de literalmente aproximar um coração do outro para conversarem no silêncio que dá descanso à palavra. O silêncio onde tudo é dito sem que nenhuma letra precise se juntar à outra. O melhor do abraço é o charme de fazer com que a eternidade caiba em segundos. A mágica de possibilitar que duas pessoas visitem o céu no mesmo instante." - Ana Jácomo
“Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo. Eu acordei com medo e procurei no escuro alguém com o seu carinho, e lembrei de um tempo. Porque o passado me traz uma lembrança do tempo que eu era criança. E o medo era motivo de choro, desculpa pra um abraço ou um consolo. Hoje eu acordei com medo mas não chorei, nem reclamei abrigo. Do escuro, eu via o infinito, sem presente, passado ou futuro. Senti um abraço forte, já não era medo, era uma coisa sua que ficou em mim. De repente a gente vê que perdeu ou está perdendo alguma coisa. Morna e ingênua que vai ficando no caminho que é escuro e frio, mas também bonito porque é iluminado pela beleza do que aconteceu há minutos atrás.” - Cazuza
“E mesmo sorrindo por aí, cada um sabe a falta que o outro faz. É fácil porque os dias passam rápido demais, e é difícil porque o sentimento fica, vai ficando e permanece dentro deles. E todos os dias eles se perguntam o que fazer. E imaginam que no momento certo se reencontrarão e que nada, nada seja por acaso.” - Tati Bernardi
- é mesmo? |
"Vai, menina. Desabotoa essa raiva, rasga essa angústia, berra tua indignação. Mas preserve seu coração deste veneno. Não intoxique seu sorriso com essa dor. Chore as lágrimas mais honestas que estiverem embargando tua voz, enrugando tua face, mas livre-se deste entrave. Vai, menina. O mundo não magoou você, mas o egoísmo arranjou uma brecha para te atingir, reposicione-se, retome suas forças, empurre este inverno para bem longe daqui. Não vês que doer não é pecado? Mas abra espaço para respirar, você ainda pode dançar e crescer. Você ainda pode permanecer onde está ou desaparecer. Você pode fazer tudo o que for cura para tua tristeza. Mas não a envolva nesta tua delicadeza. Vai, menina, grite para o vento que já doeu demais, que você quer viver agora outro momento." - Marla de Queiroz
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
“[...] Mas quem é feliz com tantas perguntas a fazer? Acho que chegamos à nossa plenitude quando as dúvidas cessam ou então dominamos nossa vontade de saber das coisas ou, simplesmente, não temos mais vontade de perguntar nada. Ou isso é um tipo de depressão? Porque a curiosidade é uma fome humana. E é isso, todas essas alternativas, essas opções de caminho é que dão segurança de andar. Pois algo sempre pode muito bem dar errado, e é bom saber que existem desvios de rota, bifurcações, placas e pontes. Quem sabe ter certeza de que está no caminho certo não é um jeito de estar espetacularmente perdido?” - Gabito Nunes
"Tenho mais silêncios do que segredos. Sou apenas uma resposta atrasada de alguém, a canção inapropriada da madrugada, o livro mais demorado de alguma estante. Sobre mim apenas o distante, o toque que não alcança, a muralha que divide. Ontem eu fui uma menina que fui roubada de sonhos, uma mulher que amadureceu das precipitações sobrepostas. Nem sempre a vida é justa, nem sempre nos devolve as respostas e passamos sendo apenas interrogações. Não tenho conversas interessantes, antes sou um poço de irrelevantes poemas. Tracei um caminho, mas caminhei por um desvio, sempre a própria beira. Não ofereço nada, do pó que vim, morrerei voando em poeira. O que deixarei saber sobre mim é que de alguma forma tenha amado a vida ou alguém, sem detalhes além. Uma mulher não diz quem escolheu para amar. Ela vive um amor a dois, a sós." - Cáh Morandi
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