quarta-feira, 31 de outubro de 2012
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Lívia descrita por Fernanda Mello
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
sábado, 27 de outubro de 2012
sobre Certezas [que não as tenho!]
Não quero alguém que morra de amor por mim…
Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me
abraçando.
Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo,
quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade.
Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim…
Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível…
E que esse momento será inesquecível..
Só quero que meu sentimento seja valorizado.
Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre…
E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor.
Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém…
e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos,
que faço falta quando não estou por perto.
Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras,
alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho…
Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons
sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente
importa, que é meu sentimento… e não brinque com ele.
E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca
cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.
Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter
forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe…
Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz.
Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia,
e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos,
talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.
Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas…
Que a esperança nunca me pareça um “não” que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como “sim”.
Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder
dizer a alguém o quanto ele é especial e importante pra mim,
sem ter de me preocupar com terceiros…
Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento.
Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão…
Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades eàs pessoas,
que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim…
e que valeu a pena.
Mário Quintana
Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo,
quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade.
Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim…
Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível…
E que esse momento será inesquecível..
Só quero que meu sentimento seja valorizado.
Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre…
E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor.
Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém…
e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos,
que faço falta quando não estou por perto.
Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras,
alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho…
Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons
sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente
importa, que é meu sentimento… e não brinque com ele.
E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca
cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.
Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter
forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe…
Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz.
Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia,
e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos,
talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.
Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas…
Que a esperança nunca me pareça um “não” que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como “sim”.
Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder
dizer a alguém o quanto ele é especial e importante pra mim,
sem ter de me preocupar com terceiros…
Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento.
Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão…
Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades eàs pessoas,
que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim…
e que valeu a pena.
Mário Quintana
vem.
então vem.
me descubra, me amarrote.
briga comigo em segredo.
faça drama, faça alarde.
não alimente os meus medos.
lança-me sob a cama, ou no
chão
amarre a minha cintura com
a palma da sua mão.
porque hoje vamos eleger A melhor
posição.
vem.
vem.
crave as unhas na minha
carne,
mire a mim como a uma caça.
mire a mim como a uma caça.
venha com atropelo, seja a
brasa da primeira tragada.
quero queimar, arder pós-incendiar.
vem.
vem.
ouça os meus gemidos pouco
discretos.
seja minha dependência, meu
vício confesso.
balbucia um Fado dos mais
confusos
para os meu tímpanos pouco
seletos.
vem.
percorra a latinidade do
meu corpo
com a pressa da descoberta
de pouco mais de 500 tempos tupiniquins.
de pouco mais de 500 tempos tupiniquins.
quero seu egoísmo
indiscreto,
o fel encoberto no fim.
o fel encoberto no fim.
vem.
que eu bebo sua língua,
meço seu peso, sinto seu viço
abro-te a barguilha em
segredo,
tomo-lhe a virilha sem receio.
quero pêlos, cheiros fortes, quero-o todo no meu todo.
vem.
hoje eu abdico de valores,
princípios e educação.
vem porque hoje eu viro
puta na folga da profissão.
L.C.
[junho/2011]
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Sobre como ela gostaria de ser lembrada...
Como aquela que teve uma infância entre livros onde desenhava letras,
e escrevia arco-íris.
Pés crus pelos parques de areia ou calçados pelas botas da Bicho-Comeu-Xou-da-Xuxa,
a desfilarem pelas escadas rolantes do Conjunto Nacional.
Aquela que se perdia pelos corredores da Escola Nacional, a procura de logo crescer
e entender porque tantos matavam aulas.
Como aquela que não concordou em trocar sua vida urbana na capital do Cerrado pelas calçadas de paralelepípedos da cidade histórica mineira e berço da Mãe.
Que recusou a dedicar-se aos livros, e comer a revelia como forma de protesto.
Como aquela que veio a adotar as montanhas de Minas como residência fixa, e o sôtaque da sua gente na ponta da língua. A qual, no entanto, sente orgulho pelos monumentos de Brasília, sua história descrita pelos retirantes, e não pelos biógrafos de JK, numa pseudo-civilidade descrita no rock da Legião pós-cheiradas de farinha nobre.
Que teve uma adolescência difícil como a de todos os seus sobreviventes.
Que sem mais protestos passou a dedicar-se aos romances da literatura nacional, descobrindo Vinícius, Drummond e Jorge Amado. Apresentada foi aos Titãs, Barão e Alceu Valente - salve, Padrinho!- e que não dispensa música popular brasileira.
Uma pré-adolescente que viveu a paixão de Platão entre 3 ou 4 'Rafael'.
Que escrevia peças de teatro no colégio para suas amigas representarem,
Uma pré-adolescente que viveu a paixão de Platão entre 3 ou 4 'Rafael'.
Que escrevia peças de teatro no colégio para suas amigas representarem,
sem qualquer medo do ridículo (e que, ainda nos dias atuais, seguem "desmedidas")!
Como aquela que queria salvar a Humanidade, e que sempre odiou formigas.
Que viu no Direito - ok, sob influência (in)consciente da Mãe - uma possibilidade de.
Uma doce adolescente que via nos doces a sua própria salvação.
Com espinhas precoces, mãos desproporcionais e óculos de aros míopes, ainda
pensava-se(r) charmosa.
Como aquela que foi aos 15 descobrir a Beleza do Horizonte no pré-vestibular.
Que conheceu gentes e sentimentos novos como a frustração na reprovação da Federal.
Aquela uma que veio a ser filha da PUC sem dimensionar seus bolsos vazios. Que com a Mãe vivenciou situações as mais adversas em 5 anos, contaminadas,
porém, pela esperança de dias melhores.
Uma então universitária que identificou-se com/na Criminologia, e que fez da Professora Palova Amisses Parreira referência para seguir adiante.
A que toma a Defensoria Pública como meta profissional.
Como aquela que adolescia e então encantava-se pelos Professores de Ciência Política (agora admito), Economia, Teoria do Estado, Direito Civil I e Direito Empresarial (agora admito - 2).
Aquela que então (re)conhece o seu Melhor Amigo num cara heave metal e virgem.
E que o Ama há nove anos, despertando o ciúme da sua recém-bem-vinda-esposa
e uma sociedade no exercício da função.
Como aquela que não teve baile de formatura não somente pela falta de um vestido que lhe cobrissem os cento e poucos quilos. Que veio a formar-se sem pompa, só não sozinha porque lá estavam sua Mãe e duas suas Amigas. A uma que chorou no retorno para casa com a falta da comemoração, vez que o dinheiro mal dava para custear o táxi.
A única em treze amigos que foi aprovada sem cursinho preparatório no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil.
Que dá início a sua carreira profissional,
curiosamente, na defesa dos interesses das vítimas.
A uma que encontra-se não descoberta pelo amor, mas por inexatos cento e cinquenta quilos. Que propõe-se a quem sabe descobrir Felicidade numa mesa de cirurgia,
não sem antes ouvir a Mãe pedir o retorno da única filha com vida.
Aquela que foi descoberta por um tal irmão nos idos de 2009, seguindo seu Irmão até dezembro de 2012, quando então poderão trocar Tereré, fatos e tragos.
Como a menina que veio a descobrir-se Mulher após eliminar setenta quilos e mais de tristezas.
A que passa a sentir e viver amores, atirando-se em quedas-livres.
Como aquela que tem "anjos" na Semiliberdade, contáveis clientes no Escritório e um Padre a ela empresariar.
Uma tal que dedica-se ao que a realiza, sem pensar em retornos financeiros,
somente (dos) humanos.
Que bebe uma cazamiga na terça, brinca de amor-gay na comida chinesa,
e vai para o samba liberar seus demônios.
Que criou um deos fantasiado de gente, errante e temperamental.
Gostaria de ser ela lembrada como vez criança, ora Poliana-Moça, hoje Mulher.
Neta, Filha e futura Mãe da Clarissa e do Otto.
Estudante, Advogada e Estudante.
Gente com virtudes, Pessoa de defeitos e Humana que segue avante!
L.C.
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
terça-feira, 23 de outubro de 2012
pqp
Deixe de lado o que
é diário ou rotina,
vire a página que
deixou marcada,
dispense os óculos e
os medos,
se livre do excesso
de desculpas e roupas,
ponha as contas de
lado, desligue o rádio,
abaixe o farol,
reduza a marcha,
conheça o traço pelo
paladar,
comece pelo fim,
prossiga,
não é necessário
entender sempre,
desentenda e se fixe
no que estou sendo agora,
perceba meu caminhar
alarmante,
como perco o ar,
fico ofegante,
meu coração
pressiona, é brusco
o vai e vem do meu
peito, indiscreto;
nesse limite em que
meus olhos te cercam,
no parâmetro dos
sonhares que despertam,
na revelação que
meus gestos não negam -
não se perca, não se
traia, não se distraia,
me ame, não te peço
– apenas permito,
seja o findo, o
bonito, o indizível, improvável,
implausível, abrigo,
itinerário, destino,
seja o que desejo,
prove ser inimaginável.
Cáh Morandi
domingo, 21 de outubro de 2012
Vida sem Liberdade é passarinho na gaiola: não canta, lamenta...
Passo a atender mais um adolescente suposto autor - porquanto ainda não condenado por sentença transitada em julgado - de Homicídio.
Tráfico, roubo e demais crimes/atos infracionais que estejam associados a ganhos e lucros de caráter monetário, recaem na habitualidade, considerando serem mais recorrentes. Crimes contra a vida são menos frequentes, e despertam e convocam o Sistema de uma forma ímpar.
Não emito juízo de valor sobre os contornos do ato em si. Não [me] permito que princípios, moral e blablabla influenciem o meu trabalho. Sou operadora do direito, e como tal devo agir. A verdade que interessa a mim é aquela discutida no processo; a principal versão da verdade que interessa a mim é aquela apresentada pelo acusado. Considerando que meu trabalho naquele espaço é acompanhar a execução da medida socioeducativa, bem como os processos em instrução, funciono como Assistente jurídica, com atribuições diversas das de um procurador particular. E defendê-los não compete a mim, mas sim a Defensoria Pública ou a um colega constituído. Tenho, pois, que subsidiá-los com informações sobre o trâmite processual, estabelecer parcerias com pessoas e/ou órgãos outros que igualmente acompanham o cumprimento da medida, viabilizar e facilitar o cumprimento desta, atender demandas outras, tanto pessoais quanto da equipe multidisciplinar a qual pertenço.
De todo modo, o Homicídio é um crime/ato infracional que desperta atenção, e, socialmente, comoção no que pertine a vítima e seus familiares, e repulsa pelo autor.
Entende-se o Homicídio como o ato de violência mais genuíno, vez que atinge a humanidade no seu âmago, ao destituir-lhe o bem dito maior: a Vida.
Dessa vez, decido posicionar-me: não há bem maior que a Liberdade! Para quem trabalha com o seu cerceamento, ocupe a posição que ocupar no Sistema, é surpreendente observar o valor conferido a esta, cujo qual, em muitas situações, é mais evidente do que aquele conferido à própria Vida.
Não raro são noticiadas fugas cinematográficas como tentativas frustradas - ou não! - de ver-se em meio aberto. Já presenciei situações em que a integridade corporal era a que menos valia: o corpo em fuga sendo retalhado pela concertina, agentes de segurança tentando impendí-la, e, com o emprego da força, tornando os retalhos no corpo machucado ainda mais evidentes. Ouvi narrativas pormenorizadas de pessoas que perderam a Vida em tentativas de fugas sem sucesso.
Liberdade não compreende somente a locomoção, vai além. Liberdade em falar o que deseja, quando desejado, da forma como se deseja; liberdade em alimentar-se quando preferir, e do que desejado; liberdade de ter seus pertences pessoais e abrigá-los da forma como preferir. Em suma: Liberdade em agir, em deixar de agir, em sentir, em ter, Liberdade em ser alguém com Dignidade!
Nessas horas emergem as indagações/afirmações:
- Eles estão em cumprimento de "pena"! Queriam o quê? Tratamento de hotel cinco estrelas?
- Pensassem nisso antes de agirem!
- Ainda é pouco! Deveriam fazer-lhes sofrer como sofreu a vítima e ainda sofrem suas famílias!
- Queria ver se fosse com você ou com alguém da sua família... duvido que pensaria assim!
Igualmente defendo o livre direito das pessoas pensarem de tal forma, e assim manifestarem seus sentimentos. Com o mesmo afinco defendo os ditos "algozes" e seus direitos, não olvido, porém, seus deveres. Defendo a Liberdade externada em todas as suas formas, cores, vozes, sentidos e sentimentos! É a partir de uma escolha l.i.v.r.e que sou Advogada!
O que difere, no caso do atendimento do autor de Homicídio, é defender-lhe a Dignidade da Vida diante da perda da Vida de outrem. Ouso dizer que passo a trabalhar com o vivo, posto que ao morto o trabalho vai além do meu alcance!
Busco fazer com que reflitam sobre o ato e seus precedentes, motivos, circunstâncias, pessoas e consequências, conferindo-lhes, sobretudo, a Liberdade de concluírem tal reflexão como quiserem ou conseguirem.
Busco fazer com que reflitam sobre o ato e seus precedentes, motivos, circunstâncias, pessoas e consequências, conferindo-lhes, sobretudo, a Liberdade de concluírem tal reflexão como quiserem ou conseguirem.
Passei da fase de tentar ressocializá-los e reintegrá-los. Estas não são funções inerentes ao meu cargo, é de toda uma coletividade, seja ela a de técnicos, a de segurança, a institucional, a comunitária, e, numa visão romantizada, social!
Naquele espaço e naquele momento, meu trabalho é essencialmente Humano: é a defesa de Direitos e a execução de Deveres. Uma tentativa de conferir humanidade a quem a perdeu - ou nunca a teve! - em seu percurso de Vida, vindo a agir sobre a Humanidade do outro da forma mais desumana! Nada mais contraditório...
Naquele espaço e naquele momento, meu trabalho é essencialmente Humano: é a defesa de Direitos e a execução de Deveres. Uma tentativa de conferir humanidade a quem a perdeu - ou nunca a teve! - em seu percurso de Vida, vindo a agir sobre a Humanidade do outro da forma mais desumana! Nada mais contraditório...
Porque eu acredito nesse trabalho, é que ainda permito-me, domingo a tarde, dedicar a ele um espaço no meu 'quarto de despejo' !
E domingo a tarde, entre reflexões, "Quarto" - o livro, sentimentos, Facebook On line, "Açaí" - a música e pesquisas no Google, percebo que a Justiça Restaurativa pode estar com a razão [ou emoção!]!
Que sejamos Vida, sejamos Liberdade, sejamos Humanos, tenhamos Humanidade!
L.C.
sábado, 20 de outubro de 2012
"E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre." - Miguel Sousa Tavares
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
"O amor mais bonito" - Gabito Nunes
No
instante que me iludo, é quando você me esquece. Quando volto à tona, você
mergulha nos meus olhos. Se eu te roubo rosas vermelhas, você faz
"bem-me-quer". Quando hesito, é quando você já está na estrada.
Se
me perco no teu beijo, você fica tentando encontrar um caminho. Quando me encho
de receio, você me diz estar pronta. Eu te ponho em xeque-mate, você me diz que
cansou de jogar. Quando não quero me machucar, você me telefona no meio da
noite.
Eu
vejo o sol nascer no mar, você se preocupa em não molhar os pés. Quando eu não
durmo, é quando você sonha loucuras sobre nós dois. Quando sinto teu gosto na
minha boca, você pede economia nos clichês. Se não quero parecer patético, você
se diz um poema apaixonado.
Eu
quero parar o tempo, você procura seu relógio embaixo da cama. Quando me
escondo, é quando você me quer em cima de você. Se apresso meu passo na sua
direção, você engata a marcha ré. Quando reuno meus pedaços, você dá o coração
para bater.
Eu
deito no seu colo, você se preocupa em fechar a janela. Quando me poupo, é o
instante que você se dá de graça. Se ando em alta velocidade, você conta os
níqueis pro pedágio. Eu perco as chaves, você insinua mudar pro meu
apartamento.
Um
amor físico, fatídico, real, raro e patente. Um amor que nasceu, mas nunca
viveu. Um amor que aconteceu, mas não foi ocupado. Daquelas comédias românticas
que ninguém tem tempo de rir, pois já começa pelo final.
Os amores mais bonitos
são aqueles que nunca foram usados.
pílula de Caio
Eu?
Eu só preciso de alguns abraços queridos, a companhia suave, bate-papos que me façam sorrir,
algum nível de embriaguez e a sincronicidade.
Caio Fernando Abreu
.
Um dia desses, eu
separo um tempinho e ponho em dia todos os choros que eu não tenho tido
tempo
de chorar.
Carlos Drummond de Andrade
terça-feira, 16 de outubro de 2012
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
domingo, 14 de outubro de 2012
sábado, 13 de outubro de 2012
Ode a Língua
Diminutos sorrisos maliciosos, daqueles em que a língua, suspensa, visita o lábio superior lentamente, surrando-se com delicadeza, para então mordiscar o inferior, tal qual propaganda de picolé de avelã.
Língua que percorre a linha invisível do pescoço que dá acesso a um labirinto de formas e cheiros impunemente definidos como orelha, e que para lém de suportarem, causam arrepios n'alma.
Escorregadias as palavras, desce a língua por entre um colo, donde se vê maciez e sentem-se sardas sobressalentes, a escaparem pelo decote gola v. Salivação provocada no gosto do perfume borrifado pelo desejo de descobrir-se-em-mim.
Língua que sente aquecer o lado esquerdo, num gradativo graus celsius.
Língua retilínea no trajeto dos braços longíquos, e de sucção sutil no encontro com o anelar.
Língua a circular pelo vazio entre peito e umbigo, a traçar quatro dos cinco pontos cardeais, o quinto oculto no sexo.
Língua que ora desliza, vez vasculha, que socorre e faz drama.
Língua que decifra formas e ressente-se com pêlos. Conforta-se com sussurros carentes e gemidos aflitos, certos do prazer amador [e ama-dor].
Língua que toca virilha, sobe para o andar do quadril, causando arrepio. Chega as costas, descobre vãos e declíneos outros, (des)medidos com língua métrica.
Língua que perpassa pela protuberância do joelho, e segue rumo ao calcanhar. Que descobre um pé, e mais dedos, ávidos por provocar cosquinhas, para, quem sabe então, prolongar o tesão.
Verso... anverso...
Há espaços que somente a língua tem o poder de revelar.
Posso revelar-lhe um segredo?
Da minha língua, não!
- porque diminutivos fascinam-me...
- E o olhar que eu guardo na lembrança ainda traz a esperança de estar
ao teu ladinho numa próxima estação.
Marcelo Camelo
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
sobre metodologia
Pois
os métodos pelos quais chegara à sua atual posição lhe pareciam muito
estranhos, e a coisa mais estranha neles era não ter ela sabido aonde a estavam
levando. Essa era a coisa estranha, que não se sabia aonde se estava indo,
ou o
que se queria,
e se seguia cegamente, sofrendo tanto em segredo, sempre
despreparada e espantada e sem saber de nada; uma coisa levava a outra, e aos
poucos alguma coisa se formava do nada, e assim se chegava finalmente àquela
calma, àquela certeza, e era esse processo que as pessoas chamavam viver.
Talvez, então,
todo mundo sabia, como ela sabia agora, aonde estavam indo;
e as
coisas se formavam num padrão, não só para ela mas para todos, e nesse padrão
estavam o contentamento e
o sentido de tudo.
Virginia
Woolf
pílula de Caio
Descobre,
desvenda.
Há sempre mais por trás.
Que não te baste nunca uma aparência do
real.
Caio Fernando Abreu
Oração
Que a minha intensidade não me impeça de respirar
vezenquando, pois suspiro o tempo todo pra encontrar espaço nesse peito que já
nem se cabe. Que essas explosões de vida, de beleza e dor me permitam ao menos,
por alguns momentos, absorvê-las com tranquilidade: para que eu consiga dormir
sem ter que chorar ou gargalhar até à exaustão, pois sinto falta de apenas
lacrimejar ou sorrir sem contrações, descontraída.
Que a felicidade não me doa
sempre e tanto, a ponto de assustar. Que haja alguma suavidade nos meus olhos
diante do cotidiano e que eu não me emocione exageradamente com esta
delicadeza.
Que eu possa contemplar o mar sem que ele me afogue por completo.
Que eu possa olhar o céu imenso e que isso não me aniquile por lucidez extrema.
[...]
Que eu não viva só em caixa alta, com esses gritos que arranham silêncios
e desgovernam melodias. Que eu saiba dizer sem que isso me machuque demais. Que
eu saiba calar sem que isso me provoque uma tagarelice interna inquieta. Que eu
possa saber dessa música apenas que ela se comunica com algo em mim, nada mais.
Que eu possa morrer de paixão e, ainda sim, ser discreta.
Que eu possa sentir
tristeza sem que ela se aposse de toda a minha alegria. E que, se um dia eu for
abandonada pelo amor, não deixe que esse abandono seja para sempre uma
companhia.
Marla de Queiroz
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